segunda-feira, agosto 27, 2018

. sake .

Quando nos apetece um daqueles banhos, em que existimos só nós, o leve som da espuma que se desfaz devagarinho,  o vapor cinza claro que também se vai desfazendo, solta-se um Ah!  e entende-se o conceito de felicidade. É mesmo isto!

Aquecido previamente, o sake é a companhia, em chávena apropriada, para ir bebericando.
É um mundo sensorial, um mundo sensual, de sentidos - todos.
O temperatura da água, o cheiro dos sais - cheira a maresia e a Cabo da Roca.


O sabor morno do sake, que quase mais se adivinha. A visão do corpo entre a água e a espuma. E o som. Ah!

Estica-se o braço e traz-se a esponja, suave no contacto com a água e no contacto com a pele dos braços, das costas, ombros.
Bebe-se mais um golo de sake.

Os pés brincam com a espuma da água, no outro lado da banheira.
Levanta-se o corpo para afagar os pés, suavemente. A pedra-pomes mesmo ali à beira, pronta para suavizar os pedaços mais endurecidos do pé; primeiro do direito e depois do esquerdo.
E em rotações suaves, rodopia a pedra-pomes ao encontro da planta do pé, do calcanhar, e depois, mudando de pé.

- Tão suave esta pedra-pomes - pensei.  Costumam ser tão rugosas e esta parece estar tão de acordo com toda a suavidade do momento.

Os cantos da minha boca subiram num sorriso bonito,  feito de espuma,  de pés suaves e do sabor do sake.
E saí do banho, devagar, com a toalha abraçada ao corpo, e de sorriso leve.
Tinha acabado de perceber que estive a fazer o peeling dos meus pés, com a pedra-pomes nova, ainda dentro do plástico transparente!
O uso da pedra-pomes dentro do invólucro, parece ser diretamente proporcional à quantidade de sake que se bebe, num belo banho de espuma.

Ah! Que bem que soube!
Deixa-me lá levar o sake para a sala.

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