terça-feira, março 16, 2010

Aqui há soluções rápidas!

Aqui e agora!

Em todo o lado!
Queres um carro novo? Há "promoções" em que o crédito é facilitado, tens seguro pago durante x tempo, etc.

Queres comprar uma casa? É bom! É bom, porque elas estão "em saldo" nalgumas imobiliárias.

Queres dinheiro aqui e agora. Ora, vem mesmo a propósito, porque a "Credi... qualquer-coisa" está a oferecer uma baixa nos juros dos empréstimos.

A isto, já nos habituámos de tal forma, que nem estranhamos quando somos bombardeados com este tipo de "venda".

Hoje vi mais uma fantástica!!
Queres emagrecer? Queres diminuir o apetite? Agora, já podes resolver esta questão com umas "sprayzadas" por dia, debaixo da língua. Três vezes ao dia e ... pooof, ficas sem apetite!

Hum? Maravilha!!

Tudo soluções rápidas! Porque é rápido, é bom!

E um calduço na moleirinha, não?

Tudo isto traz severas consequências, caso nós aceitemos que nos controlem o carro, a casa, o dinheiro e a saúde!

Num instante, com a mesma rapidez com que estas "benesses" nos são oferecidas, podemos ficar endividados toda a vida e até à próxima geração, se for preciso!

Um carro novo não basta. É preciso ter "o" carro! Aquele que todos os colegas de trabalho e amigos cobiçam! Mesmo que a nossa conta bancária diga: olhem filhos, isto só dá para a gasolina este mês ...e ...e!! Isso não importa nada! Vamos ao crédito!

Uma casa nova vinha mesmo a calhar! Mas não é uma casa qualquer!! Não! Tem de ser grande, com garagem e lareira, ar condicionado, sistema de som integrado, alarme, etc. E já! Estão "em saldos", pá! A minha só custou 365 000 Euros! Belo negócio, pá!
Porreiro! Agora já tens casa para mostrar aos amigos, mas sempre podes passar fome e tal, para a pagar - fora os meses de prestação que não podes mesmo pagar. Mas ai... os amigos pá, estão tão invejosos da minha casa nova!

A juntar à casa nova, que tal um home cinema todo xpto? A malta cá em casa quase não usa. Mas, tipo, uma vez por mês, convidam-se uns amigos, faz-se uma festança e amanhã, pá, todo o pessoal lá do emprego fala da minha casa, pá, que é belíssima!
Não digas a ninguém, mas isto foi um empréstimo da "Credi..." e pronto... lá se vai pagando ( ou não!)

Finalmente, só falta que estejamos todos giros, magros e tal.
Mais uma solução rápida.
Compra-se o tal spray na farmácia; três vezes ao dia, quando a fome aperta, nós damos umas sprayzadas daquilo debaixo da língua e... lá se vai a fome! Conclusão, estamos todos giros, magros e tal.

E com estas soluções rápidas, sem pensar muito no assunto, em breve, fica-se sem dinheiro real, com um balúrdio para pagar casa e carro (para inglês ver), as tecnologias mais recentes (embora não saibamos muito bem todas as valências que aquilo tem - mas que lá na sala fica que nem ginjas) e... finalmente, estamos giros! Com a saúde toda lixada, é um facto, porque uma boa alimentação e um estilo de vida activo e dinâmico são fundamentais! Pá, o que interessa é que temos um spray que podemos usar para ficamos giros.

Quer dizer, com todos os empréstimos e mensalidades que os giros têm de pagar, para quê o spray? Sobra sempre mês no final do ordenado, portanto, já nem sequer dá para comer.
Poupam-se uns trocos no spray. O resto da vida já está lixada mesmo!

quarta-feira, março 10, 2010

what's your super power?

Ver televisão em demasia faz mal à saúde mental ... ou talvez não.

Vejo muitas séries. Muitas mesmo! Acabo por "ler" entre as linhas.
Ora vejamos:

A maior parte das séries são norte-americanas, portanto um bocadinho "restritas" e ao mesmo tempo todas têm o factor "supershow".
Nos EUA - aliás, como há muito já se faz no Brasil, com as telenovelas, portanto, não é novidade - são as audiências que ditam o futuro de uma série. O futuro da série e de cada uma das personagens.

Medem-se as audiências, fixa-se um público-alvo e toda a série se destina a "atirar sobre o público e matar".
Se as audiências ditam que uma certa personagem não está a agradar, em breve essa personagem desaparece: ou tem um enfarte do miocárdio , com complicações renais, respiratórias que a fazem ficar em coma ( até que sejam feitas novas audiências, para ver se o público tem saudades da dita cuja); ou põe-se a personagem numa viagem pelo mundo, em busca da sua própria identidade (um verdadeiro drama humano); ou casa-se a personagem com um rico homem de negócios do Dubai e por aí fora.


Acho graça, porque, sabendo de antemão que todas as séries de sucesso são "medidas" até ao mais ínfimo pormenor, cada série retrata exactamente o que o público quer ver.

Ora, o que o público quer ver... às vezes entendo, outras não.

As séries que vejo regularmente e com prazer certamente enquadram-me no tal público-alvo. Tudo bem.

Depois, aparecem outras tipo "Heroes". Só de ver os promocionais suspiro.
"What's your super power?" - pergunta uma das personagens no promo.

E lá volto eu à infância. Época belíssima de brincadeiras: eu sonhava ser mosca ( a sério!!! queria sempre saber o que os meus amigos diziam nas minhas costas); ser mosca era o meu super power.

Voltemos todos à nossa infância: os meninos brincavam com soldados (lá estão as séries de guerra), as meninas brincavam com bonecas (desde as "Donas de Casa" até às séries de adolescentes com cio, vale tudo).

Quantos de nós vivemos precisamente neste mundo de fantasia, mesmo sendo hoje adultos, um mundo que usávamos para brincar. Esse mesmo imaginário é utilizado nas séries, alimenta-o, fá-lo reviver.

Quantos homens querem ser os Horatios Caine lá do prédio?
É curioso, porque o universo feminino é mais complexo: as mulheres, em geral, identificam-se com o mito "mãe/amante" - um mundo duplo e complexo em que se pode optar, claro, mas não é fácil, nem é imediato.

As "Mulheres Desesperadas" mostram isso mesmo: todas são desesperadas; umas agem com um instinto mais maternal (portanto puras), outras são instintivamente mais safadas.

No Horatio Caine, por exemplo, nada há de safado. O homem é intrinsecamente aquilo que se chama um "vigilante", salvador dos injustiçados e com uma tendência clara para tratar melhor as mulheres (mesmo que criminosas).

As mini-séries... outra história: há imensas a retratar famílias. Muito bem!
Já repararam que em quase todas o marido é feio ou gordo e a mulher é muito mais bonita?

Com excepção de uma série da qual, aposto, todos nos lembramos, em que os dois eran muito interessantes: "Dharma and Greg" - lembram-se?





O mesmo Thomas Gibson de "Criminal Minds"!

Há muitas tentativas de fuga da nossa realidade de todos os dias, desde chatear os outros, invejá-los, falar deles nas costas... e muito mais.
Ver séries televisivas é mais uma dessas fugas, porém, indo mais fundo, vemos claramente que as séries mais populares são as que nos levam ao imaginário infantil de cada um de nós.

What's YOUR super power? ;)

segunda-feira, março 01, 2010

... oh!! ...

... que pena!!

Estive a ver aquele filme, todo giraço... o Avatar? Pois, esse.
bom, não posso dizer que perdi tempo, porque se não o visse, não podia dar a opinião. Mas, de certa forma, foi uma perda de tempo.

Estava à espera de um filme imponente, à James Cameron.

Pois... não foi.

Com a parte de imagem muito bem trabalhada, em 3D, o argumento é infantil, ridículo, absurdo.
O som é claramente de estúdio. E os bonecos?
Basta ver a parte gráfica de um dos universos da web que mais gosto - o Second Life.

Não há dúvida que, em termos gráficos, o filme deve ter dado uma trabalheira!!!
Esse tempo que foi gasto na imagem, não compensou a falha de argumento lúcido e de diálogos ricos. Pelo contrário. Avatar foi, certamente, uma experiência na imagem, uma tentativa de gerar, em ecrã gigante, as imagens dos jogos 3D, porém vazio de conteúdo.

Aliás, todo o filme parece um jogo.

Para se ter uma realidade daquelas, basta fazer o log in no Second Life. Há por lá mundos esteticamente mais belos do que o universo criado por Cameron (ou seja lá quem for que criou a imagem daquilo).

Que pena! Confesso que estava expectante em relação ao Avatar.
Enfim, conseguiram empobrecer até Sigourney Weaver!!

Tenho lido que houve várias reacções nos Estados Unidos, em relação ao filme.
- uns, porque a história parece uma crítica à administração Bush (qual história? a cantiga de um povo que é amoroso e vai ser destruído pelos mauzões? pois... onde é que nós - desde a infância - temos ouvido cantigas assim?);
- outros, porque a imagem daquele planeta é tão bela, que há jovens norte-americanos a suicidar-se em catadupa; também querem viver num mundo assim.

A ser verdade, é natural que aconteça nos Estados Unidos!! Um país que tem cerca de 200 anos, enquanto nação - imatura e birrenta - que muitos dizem ser o "supra-sumo da caganita"!

Enfim... com um argumento inconsistente, personagens fracas e imagem gráfica muito bem trabalhada, isto é Avatar.

Podia ser a História da Cinderella em 3D. Era exactamente a mesma coisa.

Os efeitos de Avatar? Já são visíveis no Youtube. Com visitas que ultrapassam um milhão, não surpreende que sejam norte-americanos... coitados:








Não sei se ria... ou chore!!!