quinta-feira, fevereiro 25, 2010

podia... mas não era a mesma coisa!

A maior parte das frases publicitárias que nos ficam na memória, ao longo dos tempos, são as factuais. Ou seja, as que, de alguma forma, são verdades para nós. Daí o sucesso de uma frase que não se esquece e até se aplica no nosso dia-a-dia. Às vezes, até nos esquecemos do produto que representam, mas da frase, não nos esquecemos

Quem não se lembra do "se eu não gostar de mim, quem gostará?"

O packshot (em linguagem de publicitário) da Zon é outro caso. Aplica-se a tudo, tudo mesmo, na vida! Com maior ou menor importância, dependendo do caso, mas aplica-se.

- Se eu podia viver sem televisão? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem casa? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem a minha família? Podia, mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem uma perna? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem o meu carro? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem café? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem o meu ordenado? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem o telemóvel? Podia... mas não era a amesma coisa!
- Se eu podia viver sem a Internet? Podia... mas não era a mesma coisa!

Dá para tudo. Porque é realmente factual (ou em breve "fatual" sem "c")

hum... se eu podia viver sem o "c" em "facto", em "actor", sem o "p" em percepção", etcetera? Podia, mas não era a mesma coisa!

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

A geração da imagem em movimento

Faço parte da geração da imagem em movimento.
Portanto, tinha 8 anos quando o país se encheu de cravos vermelhos, a televisão passou a ser diferente e, mais tarde, as imagens estavam cheias de cor.

Cresci a adorar aTV.
Também , como muitos, vi a Gabriela Cravo e Canela, sem falhar um único episódio; a Vila Faia e por aí fora.


Quando a TV começava a dar os primeiros passos a cores em Portugal, os nossos vizinhos espanhóis tinham uma prograçação digna. Os sábados à tarde eram passados a ver o programa da TVE, nenhum dos meus amigos perdia aquilo.

O "Dallas"chegou primeiro a Espanha, por exemplo. Como os espanhóis dobram a programação estrangeira, cresci bilingue. Tanto se me dava falar Português como Castelhano.

Muitos meses depois, o Dallas chegou a Portugal, na sua língua original, legendado em Português. Aprendi o melhor de cada língua.

Enfim, isto tudo porque ontem, antes de adormecer, deu-me para ver a TVI.
Que tristeza!!

Como hoje em dia, só vejo cabo, espreitar a TVI ontem foi uma revelação!!

O grande número de estímulos visuais não permitia o sossego, a calma necessária para se adormecer. Não sei se alguém já tinha pensado nisto, mas foi, de facto, o que mais me incomodou. Imagens sempre em movimento, publicidade, cenas de novela desconectadas. Quando chegou o "grande filme da noite" a voz off da TVI informa que vamos ver uma estreia em Portugal com "Sin" Penn e Al Pacino. Só que o filme não tinha "Sin" Penn nenhum e nada de Al Pacino. Tinha o actor Sean (lê-se "xón") Patterson e ... pronto.

E... adormeci.

Foi uma experiência a não repetir, claro.
Nada me tira as minhas séries de culto, o melhor da ficção brasileira - "Alice", por exemplo, que não perco às 4ªs feiras . As "Mulheres assassinas", uma revelação da TV argentina. "Mad Men" na Foxt Next, absolutamente fabulosa esta série!

Não me peçam para ver "Perdidos" - parece uma novela Portuguesa, em versão norte-americana, com versões em DVD e blue-ray, etc. Não me peçam para ver "Prison Break". Não vejo, não consigo.

O "House" já se tornou cansativo. É uma personagem muito bem interpretada, de facto. Mas é demasiado cruel para o meu gosto.

O que dizer de "Boston Legal"? Fabulosa, também. Depressa tirada do ar, com "apenas" 4 temporadas. Demasiado incomodativa, para os norte-americanos e o verdadeiro regozijo para o resto do mundo. David Kelley a produzir, no seu melhor.

Com tanta riqueza, tanta criatividade, eu que sempre fui defensora acérrima do chamado "produto nacional" dou agora a mão à palmatória. Venham daí essas palmadas.

Dá realmente que pensar a programação nacional.
A RTP está absolutamente "institucionalizada". A voz off da RTP dá cá um tédio, seja o que for que esteja a "vender".
A RTP 2 continua no seu melhor, com audiências baixas e belíssima programação.
Da SIC não posso falar, não vejo há meses, senão anos.
E ontem, a TVI antes de adormecer, não foi mesmo boa ideia.

Não estou aqui a revisitar o passado. Passou, já lá vai. Também não acho que o que era "antigo" é que era bom. É importante valorizar o que temos hoje, não é crime nenhum valorizar a "modernidade". Estamos a viver este momento, o que importa é o que estamos a fazer com ele. Acho que estou a resgatar qualidade. É tão importante ver, ler, ter qualidade, tão importante quanto os hábitos alimentares, o estilo de vida passa por aqui. Somos também o que vemos. Não há pachorra, sinceramente para esta atitude de adoptarmos tudo o que nos dão, sem questionar... gostamos, não gostamos? Todos lemos os best sellers? Ou vamos à livraria procurar, naquela prateleira, o que queremos mesmo ler?

Não li, nem vou ler José Rodrigues dos Santos ou Miguel Sousa Tavares ou Margarida Rebelo Pinto... O melhor foi, no Natal, quando quis oferecer à minha filha "O Livro do Desassossego" de Bernardo Soares... guess what? Pois... não havia. A livraria estava empaturrada dos best sellers...

Enfim... volto sempre à Rádio, a minha velha paixão; velha de cheiro ao baú da minha avó (que bom que é por lá o nariz); velha de maturidade; velha de rugas; velha de experiências de vida; velha de boa, é o que é!

Enfim, resumindo e baralhando, tomem lá um bocadinho da "Alice", para apurar o paladar.