Ninguém se safa a um erro, a uma
"gaffe", a uma frase mal pontuada, aqui e ali. Quando se trata de ensinar a
escrever correctamente, há técnicas próprias para isso.
Vejamos, por exemplo,
uma pequena rubrica que passa todas as manhãs na RTP1 - Bom Português.
A ideia é
boa, mas é mal executada, em termos de conseguir, de facto, que as pessoas
escrevam melhor.
Aparecem sempre no ecrã duas hipóteses de resposta para
escrever correctamente uma palavra. Por exemplo:
Como se escreve correctamente?
Alcachofra ou
Alcaxofra
A repórter da RTP1 vai para a rua e faz esta pergunta
aos transeuntes, apresentando as duas respostas. Qual delas é a correcta?
Chegando ao final da rubrica, aparece o mesmo ecrã, com as duas palavras.
A
hipótese correcta apresenta um a bola verde à frente e a errada tem uma bola
vermelha, sobre a qual aparecem dois riscos, em cruz.
Nada eficaz, em termos de
ensinar.
Quem pudesse ter dúvidas sobre a forma como se escreve "alcachofra",
retinha na mente as duas maneiras e não apenas a maneira correcta.
Porque as
duas aparecem de novo no ecrã.
A nossa mente não liga patavina à bolinha verde
ou à bolinha vermelha. Regista, sim, o que vê: estão lá escritas as duas opções.
Conhecendo o funcionamento da mente, em termos de imagens visuais, isto é
pedagogia básica: um erro nunca ( NUNCA) se repete.
Para que esta pequena
rubrica seja eficaz, é fundamental que, na segunda vez em que as duas palavras
aparecem na tv, serja apenas mostrada a correcta; sem bolas verdes ou vermelhas.
Deveria aparecer apenas uma - alcachofra.
O mesmo se aplica a tudo o que se quer
corrigir ou implementar.
Se pretendemos que uma pessoa diga correctamente "Gosto
da praia e do mar", é isto que queremos que ela leia; é isto que escrevemos.
Se
não queremos que a pessoa diga "Acho que gosto da praia e do mar", nem sequer
devemos escrever em lado algum. Muito menos escrever a frase e riscá-la por
cima. Simplemente, escrevemos apenas o que é para ser dito.
Quem realmente quer
ensinar ou promover um tipo de linguagem diferente, deve conhecer bem as
técnicas usadas para que a mente receba correctamente o que pretendemos
transmitir. Basicamente, o que não é para ser dito, não se escreve.
E pronto.
Um
erro não se repete, não se reescreve. Apaga-se.
Fica apenas a forma correcta de
escrever. A RTP deveria corrigir isto.
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