quinta-feira, outubro 31, 2024

Boris morreu

Morreu Boris Yelstsin.
Ficou conhecido por ... beber demais, que se notava no rosto demasiado vermelho, e também por cometer falhas diplomáticas.
Morreu, portanto, um homem Russo "politicamente incorrecto".

Mas foi durante a sua presidência que houve menos guerra no mundo ( o que se passou na Rússia durante o mandato de Yeltsin não diz respeito aos outros países).
Como cidadã do mundo, durante o "período Yeltsin", o mundo esteve muito menos conflituoso.
Isto, também, porque, do outro lado da antiga Guerra Fria, estava Bill Clinton - o Infiel, o Mulherengo, o Saxofonista.

Juntos, Yeltsin e Clinton protagonizaram aquilo que muitos chamam "a maior gaffe diplomática de sempre" - durante a visita de Yeltsin aos EUA, em 1995, ambos os Presidentes tiveram um ataque de riso, que os levou às lágrimas.

E assim, vivia o planeta, com mais paz e mais riso.
Mas não. Não pode ser. Políticos têm de ser sérios (devem ser sérios - sinónimo de não rir; e parece que também podem ser sérios - sinónimo de honestos e antónimo de corrupto).
O que aqui interessou mesmo o mundo inteiro é que dois líderes políticos riram à gargalhada, durante um acto oficial.

Oh que tragédia mundial! Dois "Homens Poderosos" a rir, quem sabe com uns copos a mais... quem sabe que comentário gerou aquele riso.

A mim ficou-me uma imagem saudável dos ataques de riso que tenho quando algo me diverte, que também me levam às lágrimas. Pois os políticos não se podem divertir, muito menos em actos oficiais.
E que bem que me souber ver esta imagem. Recordá-la, ser apontada como "mais uma das gaffes de Yeltsin" e eu a rir, agradecida por ter acontecido.

Foto de Rick Wilking (Agência Reuters)

Fez-me lembrar a razão de todos os crimes, em "O Nome da Rosa" de Umberto Eco: o riso.
O assassino: um homem cego, amargo, azedo, que achava que o grande mal estava no riso.

A mesma personagem parece existir em muita gente pelo mundo. Em todos os que não conseguem ver a inocência e a pureza deste riso, a leveza que esta atitude teve. Há muitos cegos, azedos e amargos pelo planeta: os mesmo que continuam a chamar a esta atitude, que ficou - felizmente - gravada em fotografia, uma das maiores gaffes diplomáticas de sempre.


Afinal, o riso tem muito que se lhe diga.
Afinal, Umberto Eco abordou uma questão mais profunda do que parece.

Sempre gostei desta imagem.
Gosto de homens e mulheres que falham, que cometem gaffes, que se enganam.
São humanos.
Morreu Boris Yeltsin e fica a mensagem: riam - faz melhor ao planeta e ao ser humano.

(Texto publicado originalmente a 25 de Abril de 2007)

1 comentário:

Nilson Barcelli disse...

Lembro-me da situação.
Também gostei de os ver rir e ri-me também.
Mas não sei por que se riram. Eu sei, ri-me deles... achei piada.
Claro que não tem mal nenhum, antes pelo contrário.
Beijinhos.