terça-feira, outubro 26, 2010

Uma frase de passeio

De passeio, encontram-se coisas destas.


A frase parece bonita: "Faz tudo como se alguém te contemplasse" de Epicuro.

Fazer tudo como se alguém nos contemplasse, implica necessariamente que agimos de forma diferente quando alguém não nos contempla. Quando estamos sozinhos.

Portanto, agimos todos de forma diferente, quando ninguém está por perto.

Entendo perfeitamente que esta frase seja destinada, digamos, aos nossos comportamentos sociais. Mas, na nossa vida pessoal, se eu fizesse tudo como se alguém me contemplasse, não andava mal trajada em casa - de pijama, pantufas, despenteada; não deixava a cama por fazer, com os meus dois gatos a apanhar sol, sobre o edredão; não deixava a loiça por lavar, como deixo tantas vezes.

Afinal, porquê retirar-nos estes pequenos prazeres e libertinagens da individualidade?

Partindo sempre do pressuposto que as nossa acções não se destinam a prejudicar ninguém, mesmo quando alguém nos contempla - nos vê - e se nos apetece correr descalços sobre a relva de um parque qualquer; dançar, mesmo no meio da rua; gritar, espernear, rir e chorar, fazer sapateado?

Pronto, eu entendo a frase. Só que me apetece rabujar. Pois que contemplem.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Uma "consulta" de Tarot...

Até posso ser mazinha, mas já não é a primeira vez que faço isto. Pago a uma dessas senhoras que lêem cartas de Tarot.

Apareço sempre com uma história inventada. Nada do que digo é verdade.
Ontem, voltei a repetir a experiência. O tema que levei à senhora foi, claro, o amor!

Pergunta dela: E tem alguém na sua vida?
E eu: Pois, é isso... tenho e não tenho... esse é que é o problema.
Ela: Não diga mais nada, vamos já ver isto.

Depois de todo o processo de tirar as cartas e tal... resultado:
Eu sou uma pessoa com muito amor para dar e tal. Tenho protecção. E há ali um empecilho. Está claro nas cartas. Uma mulher mais nova, que se faz de muito amiga (uma colega de trabalho, mesmo) e que me trai pelas costas. Portanto, é fundamental que eu ignore essas invejas que por aí andam e, claro que vou conseguir! Aliás, tirando mais duas cartas, a senhora disse-me logo: olhe que isto vai dar mesmo em união!!

Respirando fundo.
Lá saí eu da minha "consulta" de Tarot, um bocado preocupada, não escondo.
Imaginemos que, em vez de ser eu, aquela mensagem fosse passada para uma mulher que é absolutamente ingénua e acredita em tudo o que lhe dizem.
Saía dali uma mulher a olhar à sua volta, no trabalho, a ver quem seria essa mulher mais nova que é o tal "empecilho", cheia de inveja e tal. Implicaria certamente um desgaste emocional enorme, em busca de traições e invejas, onde nem sequer as há! É preocupante! Criar um drama onde ele nem sequer existe.

Também não escondo que me ri um bocado com aquilo tudo.
Nada do que eu disse à senhora é verdade. Deveria eu, no final, tê-la desmascarado?
Perguntar-lhe, se é realmente boa leitora de tarot, devia ter visto aí algo que batesse certo com a minha vida real. Independentemente da minha mentira, se a leitora de Tarot fosse realmente alguém com o mínimo de intuição, aperceber-se-ia da minha patranha.

Ou isso, ou então as cartas não funcionam mesmo!!
Por acaso, sei que funcionam, mas não com pessoas assim.
Isto é como tudo, há bons profissionais e maus profissionais em tudo.
É pena, porque assim se desacredita facilmente uma actividade que se baseia na intuição. Ou se tem, ou não se tem. E não pode ser qualquer pessoa a "ler" cartas. Simplesmente, não pode.

Vou continuar a fazer estas minhas experiências. Até que venha alguém que me apanhe, em flagrante delito, a mentir descaradamente acerca da minha vida pessoal.
Se um dia estiverem com disposição para isso, experimentem. Aguentem a mentira, com ar ingénuo, inventem coisas da vossa vida pessoal. É tão ridículo o que ouvimos, até que apareça mesmo alguém com intuição para nos "apanhar".

Até agora, nenhuma delas me apanhou.

segunda-feira, outubro 18, 2010

Homens à parte!

Acho muito bem que todos façamos algum exercício, desde caminhar, correr à beira da praia, dar uns bons passeios de bicicleta, levar o cão a passear, ir com as crianças para o parque, enfim, tudo isso e mais o que cada um de nós quiser.

Mas isto? O que é?




Apanhei este anúncio numa revista qualquer, não interessa. Tirei a parte com o preço, que também não interessa para o caso.
Do que eu gostei mesmo foi daquele cor-de-rosa cá em baixo "Sem homens"! Lindo, não é? Sem homens e sem complexos!

Ora, significa isto que no universo feminino- todo ele elaborado e complexo - a presença de homens num ginásio provoca mais complexos? Porquê? Sejamos nós magras ou gordas, belas ou feias, que importa que haja homens num ginásio?

Bom, pessoalmente não entendo esta forma de pensar. Até porque - que me desculpem as mulheres que não pensam como eu - que tipo de experiência é ir a um determinado sítio, onde não entram homens? Para quê, qual é o objectivo?

Devo ser um bicho raro, como mulher, mas eu acho que um mundo só de mulheres é a coisa mais desinteressante que há.

Afinal, quando vamos ao ginásio, estamos a reparar nos homens que lá estão? Nas outras mulheres que por lá pairam? Eu não! Quero lá saber dos tipos musculados dos ginásios e das mulheres todas giraças que por lá andam.

O que eu quero é fazer exercício, preocupo-me comigo e com o meu corpo. O resto é absolutamente secundário, quem lá está ou deixa de estar.

Fazer publicidade a um ginásio em que não importa mesmo o que lá é feito, que técnicas são usadas para o nosso bem estar físico. O que importa é o que está bem salientado a cor-de rosa: sem homens...

Não me interessa, sinceramente e acho uma chatice que se comece a ter este tipo de comportamento social. Enfim... vou dar uma volta, para arejar a minha cabeça feminina, lá fora, com pessoas, homens e mulheres - de preferência.

segunda-feira, setembro 13, 2010

As "gordas" mentem descaradamente!

Ainda que desfocada, a foto mostra tudo.

A Princesa das Astúrias, segundo o título de primeira página da Nova Gente, fez um aborto, antes de se casar com Felipe.


Com uma primeira página destas, enfim... até parece que é verdade. Mas não é isso que diz o resto do artigo no interior da revista. Aliás, é prática comum da revista, "alterar" ligeiramente o que diz na capa, em relação ao que, depois, aparece no artigo central. São "pequenas discrepâncias"... como esta.

Segundo parece, um espanhol escreveu um livro chamado "Leticia Ortiz: Uma Republicana na Corte de Juan Carlos I". Diz a revista, na página 36 e cito:

"O Jornal de referência espanhol (El Mundo) vai mais longe nos argumentos de defesa à princesa. Chega mesmo a duvidar da existência de um informador no CNI (Centro Nacional de Informação), que, alegadamente, terá dispensado provas do hospital mexicano em que Letizia esteve internada, após complicações na gravidez, que acabaram por levá-la a sofrer um aborto."

Isto está na Nova Gente!! Ou seja, é importante referir - também está na NG - que, na altura, Letizia Ortiz era casada com Alonso Guerrero Pélez, com quem namorou dez anos!!!!

Portanto, esta mulher sendo casada, segundo o El Mundo, SOFREU ( NÃO fez) um aborto espontâneo que é, para qualquer mulher uma das maiores dores emocionais que se pode sofrer!

E, na capa, a Nova Gente diz claramente o que se vê na fotografia que tirei. Diz que Letizia FEZ um aborto!

Só para se fazer uma ideia, o texto começa assinalado a bold: " A dias de fazer 38 anos, vê a imagem manchada por um livro que conta histórias macabras." E que histórias são essas? Histórias comuns, de pessoas comuns: que Letizia teria sido republicana e agnóstica , até aos 32 anos; que ela terá sido hippie; que terá sido detida por posse de haxixe; que o Rei não confia na nora, basicamente porque ela tem muito poder, de tal forma que "ofusca" o Príncipe das Astúrias e por aí fora.

A ética profissional de alguns jornalistas é completamente questionável! A ética editorial da Nova Gente é mais que questionável Não importa se há várias fontes, várias informações, o que importa é vender! VENDER! O que interessa hoje, o passado de Letizia? Sobretudo, quando é público que, num regime monárquico, ela é plebeia!

Enfim, há outras coisas a considerar. Na minha opinião, por exemplo, numa monarquia o sucessor do Rei deve ser o filho primogénito. Na monarquia espanhola, a primonénita é a Infanta Elena. Não importa se é mulher ou homem, o filho primogénito dever ser o sucessor do rei. O Príncipe Felipe é o filho mais novo. Como a linha de sucessão já está torta, não se vai endireitar, porque, entretanto, a seguir à Infanta Elena, deveria reinar o filho primogénito dela.

Outra questão, ainda, é por exemplo, a forma como certos regimes monárquicos regem o casal real. Veja-se a Jordânia, um país discreto que só começou a ser mais falado, por causa da mulher do Rei. A Rainha Rania é mais falada e mais conhecida do que o Rei Abdullah. No entanto, e precisamente devido a essa popularidade, foi certamente decidido que o trabalho da Rainha é chamar a atenção do mundo para vários problemas que surgem, não só na própria Jordânia, como em outros países do Médio Oriente. O Rei surge como uma figura de segundo plano, com muito mais poder do que aparenta.

Mas, enfim, aqui os nossos vizinhos espanhóis... não.
Não há dúvida que Letizia atrai as atenções, é carismática, é "fora do comum". Por várias razões. Entre elas, a Princesa repete roupa, em eventos públicos, o que muito chocou alguns designers espanhóis, que estavam habituados ao "tacho" de vestir a família real. Letizia atreveu-se a escolher o seu próprio estilo, o que é, como se sabe, também muito macabro - tal como o seu passado de plebeia.

Na monarquia norueguesa, por exemplo, o sucessor do Rei é também o filho varão, segundo filho do Rei Harald. Entretanto, em 1990 houve emendas na Constituição noruguesa, garantindo progenitura absoluta - isto é o primeiro filho será o sucessor, seja mulher ou homem. Se Haakon da Noruega vier a suceder ao pai, a seguir na linha de sucessão para o trono está o filho primogénito de Haakon , que é mulher.

Pessoalmente, também me choca o "grande" problema da ascendência ao trono imperial do Japão. O sucessor do Imperador Akihito tem uma filha, a princesa Aiko, que deveria suceder, um dia, ao pai. Mas como é mulher, a sociedade japonesa está agora numa fase difícil, com fortes opiniões distintas. Deveria mudar-se a lei, tal como se fez na Noruega? É que, tal como estão as coisas, o sucessor do Imperador japonês, sendo homem, terá que ser o filho do segundo filho do Imperador. E assim vamos.

Há, de facto, um aumento de consciência para que papéis sociais mais poderosos sejam ocupados por mulheres. E é incrível que só agora, nos últimos vinte anos, isto esteja a acontecer. Enfim, isto nem sequer deveria ser ponderado. Já está mais do que provado que houve grandes Reis e grandes Rainhas, na história. Cheers para a monarquia britânica que, independentemente dos seus problemas , digamos "internos", teve até agora três grandes fases de desenvolvimento em que os Reinados foram femininos: Isabel I, Vitória, que ascendeu ao trono com dezoito anos e reinou durante 63, e agora, Isabel II.

Enfim, pouco mais há a dizer acerca de Letizia de Espanha. Apenas que nasceu plebéia, casou com um príncipe e não se compreende - precisamente por ter nascido plebéia - que "incomode" tanta gente. Porque será?

Quanto à Nova Gente, dispenso.

domingo, setembro 12, 2010

...quando me dá a gosma...

... dá-me muitas vezes, ao ler coisas destas.



Dá-me um prazer particular tirar a fotografia e colocá-la aqui. Podia passar o artigo pelo scanner, mas não.

Se ainda não leram, é melhor ler primeiro.

Que caramba de "movimento masculino" é este que se vem gerando há uns tempos?
Antigamente, chamar a uma rapariga "maria-rapaz" NÃO era um termo carinhoso. Nada tinha de carinhoso.
Abano a cabeça, incrédula, ao ler que o próprio autor deste texto, quando tinha 15 anos, se recorda que, conversas sobre mulheres e sexo, namoradas e assim, só tinham os rapazes. Pois acho que recorda mal.
Olhando para a fotografia mal amanhada que está no jornal, o autor deve ser da minha geração. As minhas amigas e eu falávamos de sexo, de rapazes, de namorados, do que fazíamos com eles, e por aí fora - por volta dos 15 anos.

Porque é que há um desejo latente, um silencio ruidoso, por parte de alguns homens que as mulheres sejam como eram antes? Vivemos o tempo que vivemos, estamos onde estamos.
Nesta altura das nossas vidas, é assim que está a sociedade. Aceite-se o poder feminino, de falar, de escarafunchar sexualidades, de as mulheres fazerem as mesmas asneiras que os homens faziam, quando tinham 15 anos.

Bem vistas as coisas, garanto, a maioria dos homens não faz a mais pequena ideia do que falamos, nós mulheres, quando estamos entre nós.
E, pelos vistos, também não sabia quando ele próprio tinha 15 anos.

Ao fim e ao cabo, convenhamos, se as gabarolices dos 15 anos existiam entre os rapazes, também existiam há 20 anos atrás entre as raparigas.

Pena é que, ainda hoje, alguns homens falam do que não fazem. Porque os que fazem, não precisam de falar disso. São seguros, emocionalmente estáveis. Não se assustam com esse bicho perigoso que é a mulher.

Tenho pena deste senhor, coitado! Deste e dos que pensam como ele. Mulheres como eu damos cabo deles, com um simples estalar de um dedo.

Tufa! Já está!

quarta-feira, junho 30, 2010

Havendo falta de melhor ...

... agora, o importante é que o Governo está a "envelhecer".

O Correio da Manhã não cessa de me surpreender pela estupidez editorial.
A capa da revista de domingo passado, é a fotografia de José Sócrates, trabalhada com um editor de imagem qualquer, "envelhecendo" o nosso Primeiro Ministro que - não sei se... assim, só por acaso, nos lembramos - fomos nós colectivamente, por eleição, que escolhemos. Fomos todos nós, que votámos nele.

Portanto, merece capa de revista José Sócrates "photoshopado" ali, com mais uns anos em cima.
Ora, como em geral, todos nós já deixamos de respeitar o envelhecimento, como forma de experiência e sabedoria, para valorizar a "beleza" da juventude, aquilo que está escrito e mostrado na revista do Correio da Manhã, apresenta-se como se fosse "mau" que o nosso Governo esteja a envelhecer.

Políticas à parte, temos neste momento em Portugal dois homens super carismáticos no poder: Cavaco Silva ( em pessoa é uma estampa de um homem, alto, tem um olhar penetrante e é super charmoso) e José Sócrates (por acaso, nunca o vi pessoalmente) que veste fato e gravata e se move com o maior à vontade dentro dele. Tem aquilo a que se chama elegância natural.

Estes dois homens têm envelhecido com mais charme ainda.
Senão vejamos as duas fotografias comparativas de Sócrates que estão na revista do Correio da Manhã.


O homem está a envelhecer, realmente. Em cinco anos, conseguiu ficar ainda mais charmoso, com uma imagem mais elegante. Depois, vem a "análise" fotográfica de vários elementos do Governo, tipo "antes e depois".

Teixeira dos Santos não mudou muito. Luís Amado ficou ainda mais charmoso. Gosto de homens com o cabelo grisalho. Jorge Lacão não é um homem atraente e sinceramente, também não noto grande diferença. António Braga ficou mais grisalho e emagreceu, nota-se. Santos Silva tem um charme muito próprio e só ficou a ganhar com o passar dos anos. Cravinho é um homem feio, na minha opinião e mais uma vez, só ficou mais grisalho.

Enfim, na revista do Correio da Manhã de domingo passado, acrescenta-se também um especialista que sugere tratamentos de pele e afins, para prevenir o envelhecimento nos homens do nosso Governo.

Bom, e eu cá fiquei a pensar, para quê gastar dinheiro a "prevenir" o envelhecimento, quando todos estes homens só ficaram a ganhar com o passar dos anos? Os que já são homens "interessantes" ficaram ainda mais interessantes, os que são ... enfim... menos bonitos, também não ficaram pior com a idade. Portanto, o passar do tempo traz mais charme a quem já é chamoso e mais cabelos grisalhos - que, para mim é um traço muito elegante num homem.

Pois então, ainda bem que o nosso Governo está a envelhecer. Seja o Governo "bom ou mau", dá sempre para ver homens compostos, alguns deles bem atraentes, outros menos, mas certamente que o passar do tempo só lhes trouxe benesses. Abençoado envelhecimento. Ficaram todos com muito mais pinta!!

quinta-feira, junho 17, 2010

O pai de todos os vícios

Dizem que é o ócio. A mãe dever ser a preguiça, presumo.
Ao nível de análises comportamentais, há quem diga que a palavra "preguiça" não se aplica de todo; costuma haver algo por detrás que produz um "comportamento preguiçoso". Algum sentimento ou emoção que provoca uma paragem, ou aquilo que exteriormente parece uma paragem.

Ora, segundo o Dicionário Online Priberam

ócio
s. m.
1. Vagar.
2. Folga.
3. Repouso.
4. Preguiça, mandriice.
5. Falta de trabalho.
6. Ocupação agradável em momentos de folga.

preguiça
s. f.
1. Propensão para não trabalhar. = mandriice, ócio, vadiagem
2. Demora ou lentidão em agir. = vagar
3. Gosto de estar na cama, de se levantar tarde.
4. (...)

Há ainda mais definições para preguiça, mas não se prendem com este contexto de "preguiçar".

Uma destas definições é ligeiramente mais agradável do que a outra. Num dos meus momentos de ócio, fui à procura de como é que os outros viviam esses momentos de ócio ou se, eventualmente, seriam agradáveis de viver.

Ghandi disse: "A pureza de espírito e a ociosidade são incompatíveis."

O poeta Inglês William Cowper achava que "Falta de ocupação não é repouso; uma mente absolutamente vazia vive angustiada".

A frase que é o título deste texto ainda continua: "Ócio, pai de todos os vícios e filho de todas as virtudes." É do escritor Francês Georges Perros.

Confesso que Séneca foi uma surpresa, quando descobri que tenho um sentir muito idêntico ao dele. Nas "Cartas a Lucílio", dizia Séneca: "Existe muita diferença entre uma vida tranquila e uma vida ociosa."

De todos estes pensamentos acerca do ócio, concordo em absoluto com Séneca. Não concordo de todo com Ghandi ( e achava que sim, que Ghandi seria com quem mais me identificaria nesta questão). Discordo também de Cowper, absolutamente!! Se existe uma mente absolutamente vazia, não há sequer espaço para a angústia!!

E, enfim, numa tarde solarenga de quarta-feira, num momento de pleno ócio - mas não de preguiça - será que só por pensar nisto me tornei filósofa, por uns momentos?

Talvez seja bom acrescentar mais palavras a isto, palavras daqui:

segunda-feira, abril 26, 2010

Falta de identidade

Já começou a Expo 2010, em Xangai.

E lá está o Pavilhão de Portugal... quer dizer um monte de "cortiça nacional" a representar o nosso país.

Segundo este site :

"O Pavilhão de Portugal com uma área de 2.000 m2 apresenta uma fachada revestida de cortiça, material nacional, reciclável e ecológico. Trata-se de um exemplo de inovação e de boas práticas ambientais que potenciam a imagem de Portugal na maior Exposição Universal alguma vez realizada. Reflecte o conceito de sustentabilidade dos edifícios das cidades contemporâneas e realça-o como elemento-chave das políticas nacionais em termos económicos e ambientais."

A ideia geral é "recriar" a Praça do Comércio, mesmo no centro de Lisboa.

O nosso tema:
Portugal, uma Praça para o Mundo e Portugal, Energias para o Mundo.

Sim senhor!!!
Basicamente, o nosso Pavilhão é um bloco de "cortiça nacional", reciclável (claro!) e assim se representa um país que é, segundo o tema, uma praça para o mundo.

É mais ou menos isto:



Excuse me??
Se não housesse qualquer referência a Portugal, neste edifício, comco é que ele nos identifica??
Obviamente não sou arquitecta (Carlos Couto é que fez o edifício), mas olho pra isto e não me identifico, como cidadã Portuguesa.
Pode ter dado muito trabalho a contruir, imaginar, criar (com um orçamento na ordem dos 3 milhões de euros!!!), custou-nos os olhos da cara e ... onde está Portugal nisto?

Tudo remete para uma "modernidade" (palavra muito moderna, perdoe-se a repetição), em que tudo o que é a nossa tradição é completamente abandonado. Ou seja, tradição e "modernidade" não combinam. De todo!

Se perdermos esta relação - modernidade/tradição - deixamos de ter identidade.
Não me revejo, como Portuguesa, neste edifício que, supostamente, representa o meu país na Expo 2010, em Xangai, na China.

E sonho com as nossas coisas, as Portuguesas - com as casas minhotas, com as casas algarvias, com as casas da Serra da Estrela, com os bairros típicos de Lisboa, do Porto. E o meu sonho termina comigo a entrar no Pavilhão de Portugal na China: um enorme pastel de nata (feito de cortiça nacional ... reciclável).

quinta-feira, abril 22, 2010

Alicia - A Grande



Vai estar no Pavilhão Atlântico, no próximo dia 29 de Abril!!!

Uma das minhas artistas favoritas! Alicia Keys não é só uma cara bonita (não se compara a outras cantoras). Ela é uma performer completa: compõe, toca piano clássico e finalmente entra em palco e a voz arrebata-nos.

Desenganem- se os admiradores de "Beyonces", de " Lady Gagas", de Rihannas".

Não há comparação possível.
There is only one Alicia. Aqui com JayZ (que por acaso é casado com Beyonce, mas isso são outros quinhentos...)

Alicia, para quem gosta, claro, já esteve por terras lusas, no Rock in Rio.

quarta-feira, abril 14, 2010

Ignorância

Tenho dado conta de que vivo na ignorância. Nada de que uma pessoa se possa orgulhar, imagino. Mas gosto, confesso, deste não saber coisas que não me interessam. É por isso que sou selectiva naquilo que vejo na televisão ou leio nos jornais. Importa saber questões de fundo da vida económica nacional, questões que nos envolvem, como alterações ao pagamento de impostos ou eventuais mudanças nos regimes da Segurança Social, pagamento de reformas, etc. Se, como cidadã, não posso fazer nada relativamente aos problemas no Haiti ou em relação a um congresso político qualquer, para quê preocupar-me com isso? Obviamente que não me regozijo com situações como o que aconteceu no Haiti; só posso fazer o que posso fazer. Uma dessas coisas, é não me alimentar desse tipo de sentimento. Outra, é colaborar com as instituições mundiais de apoio a tragédias desse género. Falar disso no café, não é algo que ajude. Pelo contrário. Ouve-se muito o "velho" comentário - pois... isto está uma desgraça! (quase instantaneamente, espera-se um outro comentário que também é chapa cinco - a culpa é do governo!). Não me vale de nada conhecer histórias que não me pertencem, como as histórias de violência doméstica; as histórias de facadas e tiros, por causa de uma faixa de terreno (estas já vêm do tempo dos meus avós, só que agora aparecem como se fossem realmente notícia , em certo tipo de jornais e tvs nacionais). Sem saber, ou querer saber, deste tipo de histórias, fica assim um cheiro estranho no ar, quando me encontro com pessoas que naturalmente tendem a debater o que se passa. - Já viste aquela coisa de a igreja que caíu todinha e só ficou a imagem de um santo? - Hum... não. - Deu ontem nas notícias, não viste? - Hum... não. Fica no ar um cheiro estranho, como se fosse bizarro que eu não saiba coisas "vitais". Rapidamente termina o assunto, porque também nada sei sobre o marido que matou a família à facada ou sobre o que disse ontem o Primeiro Ministro. Assuntos pessoais, coisas que, essas sim, são vitais, habitualmente, não se dizem. Palavra que gosto cada vez mais de saber o que cozinhou para o jantar aquele casal amigo, o que viu um outro amigo ao regressar da viagem que fez pelo Japão, numas bem merecidas férias ou como é que aquela minha amiga lida com o filho adolescente, que está a passar a "fase do armário". Pensar que, durante o chamado prime time televisivo, a maior parte das pessoas está a jantar e a ver notícias, dá-me a volta ao estômago! Por isso, toda a gente sabe da igreja que caíu ou das chuvas que destruíram não sei quantos hectares não sei onde, mas são muito menos os que sabem realmente como preencher o formulário do IRS. Afinal, o que é mais importante? É uma questão de prioridade. Pessoalmente, prefiro a minha ignorância. A tal que deixa um cheiro estranho no ar, em conversas gerais? Essa.

quinta-feira, abril 08, 2010

De como te adoro

De visita à blogosfera, empaturrei-me com um blog de escrita densa e profunda. Já não sei que blog era.

Lembrei-me de 2004, quando comecei a "blogar". Da relação directa entre o número de comentários e a suposta qualidade do blog. De como eram bonitas as palavras, sobretudo deprimentes, dos que escreviam sobre os afectos (está na moda agora, dizer e escrever coisas deste género, tipo "afectos" e tal).

Pois, seis anos mais tarde, fiquei empaturrada de escrita densa e profunda num blog onde esbarrei, bati de cabeça e caí pra trás.

De como te adoro, mas - oh anátema - tu não me adoras.
De como apetece falar da "vida nacional", com os nossos quês e porquês, mas só me lembro de como te adoro - obviamente, tu não me ligas nenhuma.
E às tantas, já te detesto de tanto te adorar - de permeio com as questões judiciais nacionais, políticas, anemias da sociedade e assim.

Ah! Mas como te adoro...
E pronto. Assim, num blog se escreve pelo gosto de escrever; assim se realiza uma série de exercícios de escrita, sem que haja nem uma ponta de coerência emocional.
De como te adoro, detesto adorar-te, com as nossas histórias do nosso dia-a-dia pelo meio.

Basicamente, depois de fazer a digestão, depois de umas quantas águas das pedras, de arrotar vogais e consoantes, lá entendi. Afinal, o que a autora do blog queria dizer era: escrevo bem, conjugo bem tempos verbais, uso figuras de estilo, já agora aproveito e misturo o adoro e o detesto (contrastam bem), dirijo tudo isto a ti e, no final, ficou um exercício de escrita, com todos os pontos nos is e sem nada lá dentro.

Agora que já arrotei, sou como os bébés... já posso ir dormir.
Até logo.

quinta-feira, abril 01, 2010

As mulheres aborrecem-se facilmente...

REALLY???



A ser verdade... qual será a razão de tão sexista e bizarra afirmação "comercial"?




Pronto, está explicado o mistério.
Digamos que umas bejecas pretas, uns jogos de futebol num ecrã gigante já satisfazem os homens. Logo, não se aborrecem tanto. Contentam-se com pouco, os pobres!

Ahhh... mas o que seria destes homens das bejecas, sem as mulheres a servi-los com uma deferência profissional estonteante? A massajá-los com a garrafa da bejeca (que é um bocadinho fálica, admitamos) e a "limpar-lhes o rosto" com a espuma da cerveja?

Depois de ver estes dois spots publicitários juntos tantas vezes na televisão, uma mulher (leia-se eu) pergunta-se:
se nós - mulheres - nos aborrecemos facilmente, se uma cerveja preta e um jogo de futebol contentam os homens sapos (perdão ... os homo sapiens masculinos), porque é que lá estão seres humanos do sexo feminino nos spots?

É que conceber spots publicitários para um público masculino ... é d'homem!!!!

É! É! É! É! É!

terça-feira, março 16, 2010

Aqui há soluções rápidas!

Aqui e agora!

Em todo o lado!
Queres um carro novo? Há "promoções" em que o crédito é facilitado, tens seguro pago durante x tempo, etc.

Queres comprar uma casa? É bom! É bom, porque elas estão "em saldo" nalgumas imobiliárias.

Queres dinheiro aqui e agora. Ora, vem mesmo a propósito, porque a "Credi... qualquer-coisa" está a oferecer uma baixa nos juros dos empréstimos.

A isto, já nos habituámos de tal forma, que nem estranhamos quando somos bombardeados com este tipo de "venda".

Hoje vi mais uma fantástica!!
Queres emagrecer? Queres diminuir o apetite? Agora, já podes resolver esta questão com umas "sprayzadas" por dia, debaixo da língua. Três vezes ao dia e ... pooof, ficas sem apetite!

Hum? Maravilha!!

Tudo soluções rápidas! Porque é rápido, é bom!

E um calduço na moleirinha, não?

Tudo isto traz severas consequências, caso nós aceitemos que nos controlem o carro, a casa, o dinheiro e a saúde!

Num instante, com a mesma rapidez com que estas "benesses" nos são oferecidas, podemos ficar endividados toda a vida e até à próxima geração, se for preciso!

Um carro novo não basta. É preciso ter "o" carro! Aquele que todos os colegas de trabalho e amigos cobiçam! Mesmo que a nossa conta bancária diga: olhem filhos, isto só dá para a gasolina este mês ...e ...e!! Isso não importa nada! Vamos ao crédito!

Uma casa nova vinha mesmo a calhar! Mas não é uma casa qualquer!! Não! Tem de ser grande, com garagem e lareira, ar condicionado, sistema de som integrado, alarme, etc. E já! Estão "em saldos", pá! A minha só custou 365 000 Euros! Belo negócio, pá!
Porreiro! Agora já tens casa para mostrar aos amigos, mas sempre podes passar fome e tal, para a pagar - fora os meses de prestação que não podes mesmo pagar. Mas ai... os amigos pá, estão tão invejosos da minha casa nova!

A juntar à casa nova, que tal um home cinema todo xpto? A malta cá em casa quase não usa. Mas, tipo, uma vez por mês, convidam-se uns amigos, faz-se uma festança e amanhã, pá, todo o pessoal lá do emprego fala da minha casa, pá, que é belíssima!
Não digas a ninguém, mas isto foi um empréstimo da "Credi..." e pronto... lá se vai pagando ( ou não!)

Finalmente, só falta que estejamos todos giros, magros e tal.
Mais uma solução rápida.
Compra-se o tal spray na farmácia; três vezes ao dia, quando a fome aperta, nós damos umas sprayzadas daquilo debaixo da língua e... lá se vai a fome! Conclusão, estamos todos giros, magros e tal.

E com estas soluções rápidas, sem pensar muito no assunto, em breve, fica-se sem dinheiro real, com um balúrdio para pagar casa e carro (para inglês ver), as tecnologias mais recentes (embora não saibamos muito bem todas as valências que aquilo tem - mas que lá na sala fica que nem ginjas) e... finalmente, estamos giros! Com a saúde toda lixada, é um facto, porque uma boa alimentação e um estilo de vida activo e dinâmico são fundamentais! Pá, o que interessa é que temos um spray que podemos usar para ficamos giros.

Quer dizer, com todos os empréstimos e mensalidades que os giros têm de pagar, para quê o spray? Sobra sempre mês no final do ordenado, portanto, já nem sequer dá para comer.
Poupam-se uns trocos no spray. O resto da vida já está lixada mesmo!

quarta-feira, março 10, 2010

what's your super power?

Ver televisão em demasia faz mal à saúde mental ... ou talvez não.

Vejo muitas séries. Muitas mesmo! Acabo por "ler" entre as linhas.
Ora vejamos:

A maior parte das séries são norte-americanas, portanto um bocadinho "restritas" e ao mesmo tempo todas têm o factor "supershow".
Nos EUA - aliás, como há muito já se faz no Brasil, com as telenovelas, portanto, não é novidade - são as audiências que ditam o futuro de uma série. O futuro da série e de cada uma das personagens.

Medem-se as audiências, fixa-se um público-alvo e toda a série se destina a "atirar sobre o público e matar".
Se as audiências ditam que uma certa personagem não está a agradar, em breve essa personagem desaparece: ou tem um enfarte do miocárdio , com complicações renais, respiratórias que a fazem ficar em coma ( até que sejam feitas novas audiências, para ver se o público tem saudades da dita cuja); ou põe-se a personagem numa viagem pelo mundo, em busca da sua própria identidade (um verdadeiro drama humano); ou casa-se a personagem com um rico homem de negócios do Dubai e por aí fora.


Acho graça, porque, sabendo de antemão que todas as séries de sucesso são "medidas" até ao mais ínfimo pormenor, cada série retrata exactamente o que o público quer ver.

Ora, o que o público quer ver... às vezes entendo, outras não.

As séries que vejo regularmente e com prazer certamente enquadram-me no tal público-alvo. Tudo bem.

Depois, aparecem outras tipo "Heroes". Só de ver os promocionais suspiro.
"What's your super power?" - pergunta uma das personagens no promo.

E lá volto eu à infância. Época belíssima de brincadeiras: eu sonhava ser mosca ( a sério!!! queria sempre saber o que os meus amigos diziam nas minhas costas); ser mosca era o meu super power.

Voltemos todos à nossa infância: os meninos brincavam com soldados (lá estão as séries de guerra), as meninas brincavam com bonecas (desde as "Donas de Casa" até às séries de adolescentes com cio, vale tudo).

Quantos de nós vivemos precisamente neste mundo de fantasia, mesmo sendo hoje adultos, um mundo que usávamos para brincar. Esse mesmo imaginário é utilizado nas séries, alimenta-o, fá-lo reviver.

Quantos homens querem ser os Horatios Caine lá do prédio?
É curioso, porque o universo feminino é mais complexo: as mulheres, em geral, identificam-se com o mito "mãe/amante" - um mundo duplo e complexo em que se pode optar, claro, mas não é fácil, nem é imediato.

As "Mulheres Desesperadas" mostram isso mesmo: todas são desesperadas; umas agem com um instinto mais maternal (portanto puras), outras são instintivamente mais safadas.

No Horatio Caine, por exemplo, nada há de safado. O homem é intrinsecamente aquilo que se chama um "vigilante", salvador dos injustiçados e com uma tendência clara para tratar melhor as mulheres (mesmo que criminosas).

As mini-séries... outra história: há imensas a retratar famílias. Muito bem!
Já repararam que em quase todas o marido é feio ou gordo e a mulher é muito mais bonita?

Com excepção de uma série da qual, aposto, todos nos lembramos, em que os dois eran muito interessantes: "Dharma and Greg" - lembram-se?





O mesmo Thomas Gibson de "Criminal Minds"!

Há muitas tentativas de fuga da nossa realidade de todos os dias, desde chatear os outros, invejá-los, falar deles nas costas... e muito mais.
Ver séries televisivas é mais uma dessas fugas, porém, indo mais fundo, vemos claramente que as séries mais populares são as que nos levam ao imaginário infantil de cada um de nós.

What's YOUR super power? ;)

segunda-feira, março 01, 2010

... oh!! ...

... que pena!!

Estive a ver aquele filme, todo giraço... o Avatar? Pois, esse.
bom, não posso dizer que perdi tempo, porque se não o visse, não podia dar a opinião. Mas, de certa forma, foi uma perda de tempo.

Estava à espera de um filme imponente, à James Cameron.

Pois... não foi.

Com a parte de imagem muito bem trabalhada, em 3D, o argumento é infantil, ridículo, absurdo.
O som é claramente de estúdio. E os bonecos?
Basta ver a parte gráfica de um dos universos da web que mais gosto - o Second Life.

Não há dúvida que, em termos gráficos, o filme deve ter dado uma trabalheira!!!
Esse tempo que foi gasto na imagem, não compensou a falha de argumento lúcido e de diálogos ricos. Pelo contrário. Avatar foi, certamente, uma experiência na imagem, uma tentativa de gerar, em ecrã gigante, as imagens dos jogos 3D, porém vazio de conteúdo.

Aliás, todo o filme parece um jogo.

Para se ter uma realidade daquelas, basta fazer o log in no Second Life. Há por lá mundos esteticamente mais belos do que o universo criado por Cameron (ou seja lá quem for que criou a imagem daquilo).

Que pena! Confesso que estava expectante em relação ao Avatar.
Enfim, conseguiram empobrecer até Sigourney Weaver!!

Tenho lido que houve várias reacções nos Estados Unidos, em relação ao filme.
- uns, porque a história parece uma crítica à administração Bush (qual história? a cantiga de um povo que é amoroso e vai ser destruído pelos mauzões? pois... onde é que nós - desde a infância - temos ouvido cantigas assim?);
- outros, porque a imagem daquele planeta é tão bela, que há jovens norte-americanos a suicidar-se em catadupa; também querem viver num mundo assim.

A ser verdade, é natural que aconteça nos Estados Unidos!! Um país que tem cerca de 200 anos, enquanto nação - imatura e birrenta - que muitos dizem ser o "supra-sumo da caganita"!

Enfim... com um argumento inconsistente, personagens fracas e imagem gráfica muito bem trabalhada, isto é Avatar.

Podia ser a História da Cinderella em 3D. Era exactamente a mesma coisa.

Os efeitos de Avatar? Já são visíveis no Youtube. Com visitas que ultrapassam um milhão, não surpreende que sejam norte-americanos... coitados:








Não sei se ria... ou chore!!!

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

podia... mas não era a mesma coisa!

A maior parte das frases publicitárias que nos ficam na memória, ao longo dos tempos, são as factuais. Ou seja, as que, de alguma forma, são verdades para nós. Daí o sucesso de uma frase que não se esquece e até se aplica no nosso dia-a-dia. Às vezes, até nos esquecemos do produto que representam, mas da frase, não nos esquecemos

Quem não se lembra do "se eu não gostar de mim, quem gostará?"

O packshot (em linguagem de publicitário) da Zon é outro caso. Aplica-se a tudo, tudo mesmo, na vida! Com maior ou menor importância, dependendo do caso, mas aplica-se.

- Se eu podia viver sem televisão? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem casa? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem a minha família? Podia, mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem uma perna? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem o meu carro? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem café? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem o meu ordenado? Podia... mas não era a mesma coisa!
- Se eu podia viver sem o telemóvel? Podia... mas não era a amesma coisa!
- Se eu podia viver sem a Internet? Podia... mas não era a mesma coisa!

Dá para tudo. Porque é realmente factual (ou em breve "fatual" sem "c")

hum... se eu podia viver sem o "c" em "facto", em "actor", sem o "p" em percepção", etcetera? Podia, mas não era a mesma coisa!

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

A geração da imagem em movimento

Faço parte da geração da imagem em movimento.
Portanto, tinha 8 anos quando o país se encheu de cravos vermelhos, a televisão passou a ser diferente e, mais tarde, as imagens estavam cheias de cor.

Cresci a adorar aTV.
Também , como muitos, vi a Gabriela Cravo e Canela, sem falhar um único episódio; a Vila Faia e por aí fora.


Quando a TV começava a dar os primeiros passos a cores em Portugal, os nossos vizinhos espanhóis tinham uma prograçação digna. Os sábados à tarde eram passados a ver o programa da TVE, nenhum dos meus amigos perdia aquilo.

O "Dallas"chegou primeiro a Espanha, por exemplo. Como os espanhóis dobram a programação estrangeira, cresci bilingue. Tanto se me dava falar Português como Castelhano.

Muitos meses depois, o Dallas chegou a Portugal, na sua língua original, legendado em Português. Aprendi o melhor de cada língua.

Enfim, isto tudo porque ontem, antes de adormecer, deu-me para ver a TVI.
Que tristeza!!

Como hoje em dia, só vejo cabo, espreitar a TVI ontem foi uma revelação!!

O grande número de estímulos visuais não permitia o sossego, a calma necessária para se adormecer. Não sei se alguém já tinha pensado nisto, mas foi, de facto, o que mais me incomodou. Imagens sempre em movimento, publicidade, cenas de novela desconectadas. Quando chegou o "grande filme da noite" a voz off da TVI informa que vamos ver uma estreia em Portugal com "Sin" Penn e Al Pacino. Só que o filme não tinha "Sin" Penn nenhum e nada de Al Pacino. Tinha o actor Sean (lê-se "xón") Patterson e ... pronto.

E... adormeci.

Foi uma experiência a não repetir, claro.
Nada me tira as minhas séries de culto, o melhor da ficção brasileira - "Alice", por exemplo, que não perco às 4ªs feiras . As "Mulheres assassinas", uma revelação da TV argentina. "Mad Men" na Foxt Next, absolutamente fabulosa esta série!

Não me peçam para ver "Perdidos" - parece uma novela Portuguesa, em versão norte-americana, com versões em DVD e blue-ray, etc. Não me peçam para ver "Prison Break". Não vejo, não consigo.

O "House" já se tornou cansativo. É uma personagem muito bem interpretada, de facto. Mas é demasiado cruel para o meu gosto.

O que dizer de "Boston Legal"? Fabulosa, também. Depressa tirada do ar, com "apenas" 4 temporadas. Demasiado incomodativa, para os norte-americanos e o verdadeiro regozijo para o resto do mundo. David Kelley a produzir, no seu melhor.

Com tanta riqueza, tanta criatividade, eu que sempre fui defensora acérrima do chamado "produto nacional" dou agora a mão à palmatória. Venham daí essas palmadas.

Dá realmente que pensar a programação nacional.
A RTP está absolutamente "institucionalizada". A voz off da RTP dá cá um tédio, seja o que for que esteja a "vender".
A RTP 2 continua no seu melhor, com audiências baixas e belíssima programação.
Da SIC não posso falar, não vejo há meses, senão anos.
E ontem, a TVI antes de adormecer, não foi mesmo boa ideia.

Não estou aqui a revisitar o passado. Passou, já lá vai. Também não acho que o que era "antigo" é que era bom. É importante valorizar o que temos hoje, não é crime nenhum valorizar a "modernidade". Estamos a viver este momento, o que importa é o que estamos a fazer com ele. Acho que estou a resgatar qualidade. É tão importante ver, ler, ter qualidade, tão importante quanto os hábitos alimentares, o estilo de vida passa por aqui. Somos também o que vemos. Não há pachorra, sinceramente para esta atitude de adoptarmos tudo o que nos dão, sem questionar... gostamos, não gostamos? Todos lemos os best sellers? Ou vamos à livraria procurar, naquela prateleira, o que queremos mesmo ler?

Não li, nem vou ler José Rodrigues dos Santos ou Miguel Sousa Tavares ou Margarida Rebelo Pinto... O melhor foi, no Natal, quando quis oferecer à minha filha "O Livro do Desassossego" de Bernardo Soares... guess what? Pois... não havia. A livraria estava empaturrada dos best sellers...

Enfim... volto sempre à Rádio, a minha velha paixão; velha de cheiro ao baú da minha avó (que bom que é por lá o nariz); velha de maturidade; velha de rugas; velha de experiências de vida; velha de boa, é o que é!

Enfim, resumindo e baralhando, tomem lá um bocadinho da "Alice", para apurar o paladar.

terça-feira, janeiro 26, 2010

... raciocínio lento...

Dizia o pasquim:

"Madonna celebrou, esta semana, o quarto aniversário de Mercy James, a menina que adoptou no Malawi, numa loja de brinquedos de Nova Iorque."

O meu raciocínio lento:

-Hã? A Madonna adoptou uma criança numa loja de brinquedos?

...

- No Malawi, as acrianças adoptam-se em lojas de brinquedos?

...

- Ah! Numa loja de brinquedos de Nova Iorque.

...

- Em Nova Iorque adoptam-se crianças nas lojas de brinquedos?

...

- Não... espera!

...

- A Madonna adoptou uma criança no Malawi, sim...

...

- Pois, ... numa loja de brinquedos de Nova Iorque?

...

- Hã?

...

- Ah! Irra! Madonna celebrou o 4º aniversário da filha que adoptou no Malawi e a festa foi numa loja de brinquedos de Nova Iorque!

Credo... como se tornou filosófico e abstracto o meu raciocínio, depois desta escrita tão coesa!

quinta-feira, janeiro 21, 2010

...não apetece...

não apetece nada falar de desgraças...
mas que as há, há!

coisas que acontecem há centenas de anos, há milhares ...
aparentemente, nada que possamos predizer (senão predizíamos)
ou prever...

não vou pós-ver...

sei que há desgraças a acontecer...
falar delas é gastar palavras, escrever sobre elas é um desgaste maior.

é importante ter consciência que falar sobre as desgraças não as torna menos desgraçadas.
sabe-se uma vez ... e chega.

não vale a pena bater nas desgraças, vezes sem conta.

desgraçadas já elas são...

o que vale a pena, isso sim, é fazer. agir.

tirar férias do dia-a-dia que suportamos e partir rumo ao desconhecido desgraçado.
para ajudar, com as mãos, os pés, a cabeça ao frio (ou ao calor)

se ficarmos em casa, a ver as desgraças num espaço rectangular,
delas nos alimentamos, para falarmos delas mais tarde, no café,
para nos integrarmos naquela pausa conversada a meio da manhã no emprego,

ná!

não vale mesmo a pena.

no nosso pequeno mundo, se partíssemos rumo ao desconhecido desgraçado,
talvez a desgraça pudesse ser o estandarte da nossa própria graça e benção,

estamos vivos nós;
nestas alturas, parece que estamos tão mortos, como os que caíram nessa desgraça.