quarta-feira, outubro 30, 2024

Distância

Quem me dera ver-te, outra vez, encostado à chaminé da lareira, onde tantas vezes escutámos o som suave do crepitar da madeira. 

Tu, desse lado, olhavas-me, ainda inseguro. Nunca perdeste a compostura, nem nesses momentos tardios do dia, em que, de garrafa na mão me perguntavas:

- Queres um pouco?

Tímido, eu sei. Disfarçavas a timidez por detrás dessa postura feita de pedra. Ao longe. Do outro lado da lareira.

Agora, sinto a tua falta. Dessa distância que agora desejo. Desse porte composto, inseguro.

Queria tanto ter-te aqui.
Sim, estou à lareira. 
Sim, é fim de tarde. Mais uma vez.

(Publicado originalmente a 11 de Fevereiro de 2006)

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