sexta-feira, novembro 08, 2024

Gregory Colbert - Ashes and Snow

Gregory Colbert has used both still and movie cameras to explore extraordinary interactions between humans and animals. His exhibition, Ashes and Snow, consists of over 50 large-scale photographic artworks, a 60-minute film, and two 9-minute film haikus.

This excerpt is entitled Feather to Fire, and is narrated in three languages by Laurence Fishburne (English), Ken Watanabe (Japanese), and Enrique Rocha (Spanish).

More information about Gregory Colbert and Ashes and Snow is available at www.ashesandsnow.com.

Ashes and Snow® and Nomadic Museum® are registered trademarks of Gregory Colbert.




quarta-feira, novembro 06, 2024

Agape

 "Os gregos foram mais espertos. Usaram palavras diferentes, eros e

agape, para fazer uma distinção entre essas duas formas bem diferentes

de experimentar e que chamamos de "amor". Eros, claro, refere-se ao

amor apaixonado, enquanto que agape descreve o relacionamento

estável e compromissado, livre de paixão, que existe entre duas pessoas

que se importam bastante um com o outro."


 "Mulheres que amam demais" Robin Norwood



segunda-feira, novembro 04, 2024

you are an ocean wave...

Fotografia de Amora Silvestre

I sit by the harbour
The sea calls to me
I hide in the water
But I need to breathe

You are an ocean wave, my love
Crashing at the bow
I am a galley slave, my love
If only I could find out the way
To sail you ...
Maybe I'll just stow away ...

I've been run aground
So sad for a sailor
I felt safe and sound
But needed the danger

All About Eve - Martha's Harbour



Educar por modelagem... é assim que as crianças aprendem!

Não há qualquer dúvida, na minha opinião. 14 anos no ensino oficial comprovam "em laboratório" que as mentes dos mais pequenos funcionam mesmo assim. E é natural, inclusivamente no reino animal.

Portanto, olha, fica a questão, meramente retórica... quem são os imaturos? As crianças, porque faz parte da sua natureza enquanto crianças, ou... os adultos que decidem nunca crescer, nunca evoluir, nunca mudar...


(Publicado originalmente a 6 de Março de 2008)

Stay Asleep

Cafe del Mar - Dreams 2






 

Foto de Amora Silvestre
(Publicado originalmente a 9 de Julho de 2007)

Um novo paradigma universal

What the bleep!??!!

Não faz mal a ninguém ver este filme. Não promove violência, nada tem de "maléfico".
Talvez seja um espelho para o que sentimos ou pensamos depois de o ver.
Não é um épico, nem um exemplo de realização cinematográfica. É um documentário que vale a pena ver... e se não gostarmos, esquecer.
Só isso!





2008

"Não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
Mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo
Até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)

Novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
Mas com ele se come, se passeia,
Se ama, se compreende, se trabalha,

Você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
Não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções
Para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
Pelas besteiras consumidas

Nem parvamente acreditar
Que por decreto de esperança
A partir de Janeiro as coisas mudem

E seja tudo claridade, recompensa,
Justiça entre os homens e as nações,
Liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
Direitos respeitados, começando
Pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano novo
Que mereça este nome,
Você, meu caro, tem de merecê-lo,

Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
Mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o ano novo
cochila e espera desde sempre
."

Carlos Drummond de Andrade

(Publicado a 4 de Janeiro de 2008)

Mourinho de regresso à "aldeia"

Isto de se estar no estrangeiro, dá direito - num hotel razoável - a receber diariamente uma folha A4 com os cabeçalhos das notícias mais importantes do nosso país.
Enfim, aqui parece que só conhecem o pobre do "Correio da Manhã" e assim fiquei a saber que Mourinho teve uns problemazitos com a filha na escola, já em Portugal.
A menina foi insultada por um colega de 12 anos, fez queixa ao pai e, segundo li na folha das gordas do CM, Mourinho foi à escola, apanhou o miúdo a jeito e deu-lhe uma esfrega.
Nos termos em que o artigo estava escrito, as poucas linhas que cabiam na boa da folha A4, havia um tom levemente depreciativo ao falar de Mourinho. Mas, enfim, a invejas já nos habituámos, não é?

Pois a mesma coisa fiz eu quando a minha filha tinha seis anos e foi ameaçada por um ou dois colegas na escola. É o que dá eu não ter sido uma famosa treinadora de futebol. Se tivesse sido, teria aparecido no jornal que agarrei num miúdo de seis ou sete anos, encostei-o à parede e disse-lhe que... se voltasse sequer a dirigir-se de forma errada à minha filha, que o apanhava e o partia todo!

Mas, é como digo, não sou treinadora famosa e milionária. Portanto, posso dar-me ao luxo de viver estas coisas do dia-a-dia, filhos, escola e tal, e reagir como uma leoa no que toca a defender a minha cria. Coisa que, por sinal, Mourinho também fez!
Eu acho que, no caso dele, tratando-se de um puto de 12 anos a insultar a minha filha, ainda fazia pior!!
Dá-lhe Mourinho, porque é isso que os pais fazem - protegem!!!
Dá-lhe, porque o meu pai fez o mesmo por mim, e soube muito bem sentir-me protegida!

(Publicado a 10 de Novembro de 2008)

Músicas de uma vida III

Memórias mesmo antigas... quando os invernos eram rigorosos, a neve caída na rua era mais alta que eu e ... tinha acabado de chegar a televisão a cores!!
Os programas de televisão eram muito melhores vindos da vizinha Espanha.



O amor incondicional

Vivi vários anos com a "teoria" do amor incondicional.
Algo a que nos devemos agarrar como uma tábua de salvamento, que deve estar sempre ali, principalmente quando algo na vida nos toca em sítios que doem.
A minha mente sabe que, se me "toca" e dói, é porque a ferida é minha.
Então aparece a tábua de salvamento do amor incondicional, como se fosse possível nós amarmos sempre e sem condição.

Pois para mim não é. O amor - nas suas mais variadas formas -, o respeito, ganham-se. E tal como se ganham, também se perdem. Por isso, como o tempo é um professor certeiro, vou vendo sempre, e com mais clareza, de quem gosto e de quem não gosto ( e vice-versa, claro).

Costumava aparecer um anjinho de um lado, ao meu ouvido "tens de amar, senão és má; ajam as pessoas como agirem, tens de amar". 
Do outro lado, o diabinho, com direito a ser encarnado, com cauda em bico e tudo "não tens de amar quando as pessoas, através dos seus actos, não merecerem o teu amor e o teu respeito".
E agora, acho que estou mais "má" e nesta luta constante anjinho/diabinho nos ouvidos, o diabinho faz-me mais sentido por dentro.
Gosto, gosto. Não gosto, não gosto.
E não há sequer esforço para te tornar uma pessoa "boa" por gostar dos que, ao longo do tempo, vão sendo também "maus" para mim, projectando as suas próprias inseguranças.

Encontrei isto numa entrevista com Mariela Michelena, autora do livro "Mulheres Mal-Amadas" que se aplica a tudo na vida, não só no contexto de amor entre casal:

"O amor incondicional, que soa tão bem no papel, é um amor doentio que, para começar, não leva em conta o destinatário desse amor. Independentemente do que o outro faz ou diz, se nos trata bem ou mal, se quer ou não estar ao nosso lado, o amor incondicional continua firme, incólume, surdo e cego perante a realidade. Não deve ser motivo de orgulho sentir esse tipo de amor por alguém ou ser objecto desse tipo de amor. O verdadeiro amor leva em conta o ser amado, com todos os seus defeitos e virtudes; as coisas que gostamos ou não no outro, coisas que aceitamos apesar de não nos agradarem e situações pelas quais estamos dispostos a passar, por muito que gostemos da outra pessoa."

Hoje, acho natural que o amor cresça por algumas pessoas e desapareça completamente por outras pessoas.
Não é mau, nem é bom. Não há anjinho, nem diabinho.
Apenas um sentir: estar disposta a suportar e aceitar ser desrespeitada e não ser amada como sou, faz de mim uma pessoa melhor? Faz-me sentir melhor por dentro?

Pois, não faz!
Lá se vai "teoria" do amor incondicional.

(Publicado a 11 de Setembro de 2008)

I rest my case!

"Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente.
Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se.
Não temos responsabilidades e ficamos um bébé até nascermos.
Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voila! Acaba com um orgasmo!
I rest my case."

Woody Allen

(Publicado a 3 de Julho de 2008)

Let me fall ...

Fantástico, como sempre!
Cirque du Soleil esteve em Lisboa até 25 de Maio, com o espectáculo Quidam.






Let me fall
Let me climb
There’s a moment when fear
And dreams must collide

Someone I am
Is waiting for courage
The one I want
The one I will become
Will catch me

So let me fall
If I must fall
I won’t heed your warnings
I won’t hear them

Let me fall
If I fall
Though the phoenix may
Or may not rise

I will dance so freely
Holding on to no one
You can hold me only
If you too will fall
Away from all these
Useless fears and chains

Someone I am
Is waiting for my courage
The one I want
The one I will become
Will catch me

So let me fall
If I must fall
I won’t heed your warnings
I won’t hear

Let me fall
If I fall
There’s no reason
To miss this one chance
This perfect moment
Just let me fall

(Publicado a 12 de Junho de 2006)

... sexto andar...

(Publicado originalmente a 10 de Junho de 2006)

domingo, novembro 03, 2024

Ode à Liberdade Interior

Depois de dar voltas à moleirinha, a propósito do post mais recente sobre... arghhhh.. ainda... a questão do aborto, percebi - ando a funcionar a carvão - que o meu sentir em relação a esta e outras questões tem sempre por base a liberdade de pensamento interior.

Não importa qual é a minha opinião pessoal sobre o aborto, se condeno, se julgo, se gosto ou não...
Hoje lembrei-me da lei do tabaco. Também não importa se sou fumadora ou não. O que importa em todas estas questões é se o direito à liberdade de cada um está a ser respeitado, independentemente do que se trate.

No caso da lei do tabaco, tão falada, percebi que não está muito clara esta lei; ou seja, pessoalmente, não li o Decreto-Lei e como não tenho nenhum estabelecimento comercial, ainda não li a Lei.

Enfim, presumo que muitos donos de cafés, restaurantes e afins também possam não a ter lido. E portanto, há notícia de multas já passadas pela ASAE, de estabelecimentos encerrados, etc e tal.

Seja como for, agrada-me ir, por exemplo, a Espanha e ter claramente na porta dos cafés "Aqui se puede fumar". Se não tiver este sinal de autorização para fumar, todos sabem... não é permitido.

Portanto, lei geral no país vizinho... não se fuma nos estabelecimentos comerciais, e tal. Ponto.
A não ser que ... o dono do estabelecimento o permita e aí, há um sinal cá fora a dizer que sim, que se permite.

Parece-me uma lei que permite a liberdade para todos, não?
Independentemente se é "bom" ou "mau" fumar, cada um sabe de si e uma pessoa que não fuma, procura o seu café. Uma pessoa que fuma, procura outro.
E parece-me bem.

De alguma forma, parece-me que este nova lei Portuguesa é muito idêntica.
A diferença está em que nós permitimos ser multados e estabelecimentos encerrados, porque... não a lemos. Se há falta de clareza nesta lei - qualquer um de nós a pode ler calmamente - então o dono de um estabelecimento não pode permitir que lhe encerrem a casa. Certamente, há mecanismos legais para isso.

É uma questão de lermos melhor as "coisas" legais, cheias de nomes "pomposos" que só alguns parecem entender.

Então, nós também podemos entender...
Isto é como os ditados populares... há sempre um para contradizer outro.
Há certamente, nesta lei, algo que permita a liberdade pessoal.
O que é preciso é lê-la bem.

Continuo a dar voltas à moleirinha... é só perder a preguiça e ir ao Diário da República, ler.

(Publicado originalmente a 3 de Março de 2008)

Tão previsíveis...

... mas tão previsíveis!!!

Agora, os que sempre foram contra a actual Lei do Aborto vêm, muito assustados, dizer que esta Lei veio aumentar o número de abortos.
Então não veio??!!

O que os números mostram é o que estava antes na podridão e na lama. O que era feito clandestinamente, agora pode ver-se, claramente.

E a cada pessoa continua a caber a responsabilidade de optar por matar um feto ou não. Cada um deverá ser maduro ou madura para saber se deve, em consciência, fazer ou não um aborto.

Não estou a defender o aborto, pessoalmente.
Estou a defender a absoluta liberdade e responsabilidade que esta lei veio trazer.

Pedir para se revogar uma Lei que foi a Referendo Nacional não é ir contra a liberdade e democracia Nacionais?

Então, estamos num país legalmente laico ou religioso?

Vamos lá sair da cepa torta e chamar "pequenos ditadores" a estes falsos moralistas que defendem que os números de abortos aumentaram com a nova lei.
Não aumentaram, seus ceguetas; são mais visíveis!!

Já viram a podridão que esteve ali escondida, anos e anos, debaixo da falsa moralidade?
Quantos dos chamados "católicos" já fizeram abortos clandestinos? Que moralidade tem esta gente para dizer aos outros o que fazer ou não?

A espiritualidade de cada um e a própria consciência dela é isso mesmo - individual. Não há um só caminho, não há necessidade de tratar as pessoas como inconscientes. Se o forem, têm esse direito, ou partimos do princípio que só alguns é que sabem???

Agora já vêem o que faz a uma sociedade a necessidade de achar que só há um Deus e um só caminho para o Céu.

Por acaso, também acho que só há um deus para todos e não há nenhum representante na Terra para ele.

(Publicado originalmente a 12 de Fevereiro de 2008)

quinta-feira, outubro 31, 2024

Palavras pesadas

Há muito pouca consciência e lucidez no peso ou leveza das palavras que usamos.
Ouve-se dizer, tantas vezes : é preciso lutar contra a violência!
Ora isto dá:
é preciso (palavra forte de grande pressão)
lutar (não é preciso dizer mais nada, pois não?)
contra (bla bla bla)
a violência (máinada!)

Ou seja, toda a estrutura mental que gera esta frase, incita a uma maior violência ainda!
Portanto, como as palavras são para se usar, para que o conceito incluído na frase seja eficaz, que tal assim?

" vamos agir a favor da paz!"

Isto para quem realmente sente essa paz, caso contrário, então, a primeira frase faz todo o sentido: existe pressão, luta, ir contra e, finalmente, violência.
Nada muda, porque as palavras pesam ... ou não.
Depende de como as usamos.

(Texto publicado originalmente a 23 de Outubro de 2007)

Amar Lisboa

Sou serrana.
As minhas raízes cresceram profundas, nas rochas e no granito da Serra da Estrela.
A minha nostalgia está situada algures no litoral norte.
Mas, na minha vida, tudo mudou em 1998.

Hoje, 8 de Setembro, dia do meu aniversário, saúdo Lisboa - a cidade que me acolhe há, exactamente, nove anos. Vim sozinha, à procura de sonhos por realizar. Nem sempre Lisboa foi simples e fácil. É fácil amá-la, sim.
Aprendi a amá-la há muito tempo.
Para mim, sempre foi fácil amar Lisboa.
O Chiado, a Graça, a Baixa, Alfama, o Castelo, o Mercado da Ribeira, a Feira da Ladra abraçam a minha vida.
Nasci longe e moro em Lisboa - a cidade que tão facilmente se deixa amar.


(Publicado originalmente a 8 de Setembro de 2007)

Strange....

É estranho, este sentir..
Não me lembro de alguma vez me ter sentido assim... vazia!
Não é de todo desagradável, é definitivamente diferente.

Não sei o que fazer, não sei que mais dizer.
Simplesmente, não sei.
É curioso como "não saber" nos deixa espaços mais amplos, territórios desconhecidos, mundos, às vezes, aterradores.
Dizer e sentir "não sei", ou como disse o filósofo "só sei que nada sei" empurra para uma amplitude qualquer, uma forma de estar tão simples... que se torna desamparada.

Não sei!

(Texto publicado originalmente a 5 de Setembro de 2007)

Ora... lá está!!

Foto de Amora Silvestre
(Publicado originalmente a 22 de Agosto de 2007)

"Fama, brilho, poder"

Mais uma crónica de opinião de uma senhora que é apresentadora de televisão e que - deve ser por isso - pode dar opiniões. Pronto, então, todos podemos.
Lá vou eu, outra vez, falar de Júlia Pinheiro. Em geral, ignoro-a. Não vale a pena ler o que ela escreve. Mas na sexta-feira passada, a crónica que ela escreve no 24 Horas veio bater-me em cheio nas lentes dos óculos... que não tenho.

Júlia escreveu sobre o "escândalo" de o filho de Al Gore ser toxicodependente; do "escândalo" da mulher do presidente Francês, Cecile Sarcozy, ser muito "independente" e não ligar patavina à política... nem foi votar no marido na segunda volta das eleições; do "escândalo" da morte, em Londres, do trineto (eheheheheheheheh, desculpem) de Gottefried von Bismark ter aparecido morto em casa.
E termina este relambório de "escândalos", escrevendo... e cito "O mundo olha e regozija-se. A desgraça dos poderosos é sempre um bálsamo."

Oh por favor!!! Que mundo é que se regozija com desgraças que são, claramente, privadas e particulares??? Sim, todo o mundo já ouviu falar dos nomes mencionados por Júlia, o que significa que são pessoas conhecidas. Mas acima de tudo, são pessoas. Seres humanos normais (espero que também tão fora do normal como qualquer um de nós). Um pai de família tem um filho que é toxicodependente. O mundo regozija-se por ser o filho de Al Gore? Acima de tudo, esta crónica de Júlia Pinheiro presume de má fé! Nem todo o mundo se regozija com as desgraças que acontecem às pessoas conhecidas!

Credo! Com que olhos esta mulher vê "o mundo"? Ou será apenas "o mundo dela" que vê as situações assim?
Quem se regozija com a toxicodependência?

Bom, se a mulher do presidente Francês não liga nenhuma à política... isso é lá com ela. E com ele. E com as regras do protocolo que, eu, pessoalmente, me recuso a seguir. As da boa educação e do respeito pelos outros, sim. Cecile Sarcozy é "independente"!!! Quer dizer que não anda agarrada às calças do marido, como é suposto fazerem as mulheres dos Presidentes.
Olha que chatice para a paz mundial (como dizem todas as Miss Universo)!!!

Já para não falar no regozijo mundial pela morte do trineto (ehehehehe, desculpem) de qjwyethvdyve ... cof cof... perdão Gottefried Von Bismark. Este senhor foi um dos responsáveis pela Primeira Grande Guerra. Agora, o trineto apareceu morto, em casa. É o regozijo mundial!!! Só pode!!

(Texto publicado originalmente a 7 de Julho de 2007)

O radar

Tenho um colega aqui no trabalho que parece um radar!
Não vejo nada de mal nos radares radares. Este radar, chateia.

É daquele tipo de homens que vira a cabeça para trás, para olhar para as mulheres, de cima a baixo, em pormenor, e fica com um olhar, tipo esfomeadinho!
Pode pensar-se que é natural um homem olhar para uma mulher bonita. Até aqui eu vou, até porque as mulheres também olham para os homens giros ;o)
Este olha para TODAS assim, desta maneira... parece parvinho!

Bom, entendo melhor que o mundo feminino e o masculino são mesmo diferentes, quando falo nisto a vários homens. Uns consideram este tipo de olhar tal como eu - ressabiado e malcriado, desrespeitoso. Outros, desculpam-no... coitadinho!!!
Mas coitadinho, é coisa que este tipo não é, acreditem.

Caramba, o homem é casado! Porque é que não vai para casa e fica a olhar assim para a mulher até lhe caírem as pestanas? 

(Texto publicado originalmente a 16 de Junho de 2007)

Como ganhar dinheiro...

Parece um daqueles anúncios, do tipo "trabalhe em casa, em part-time e ganhe XYZ"!!! Mas não.

Segundo o "Vidas" do Correio da Manhã de 9 de Junho, certas caras conhecidas ganham uns bons balúrdios para dar a cara em "eventos sociais". Eu bem digo, ser-se figura pública é uma coisa, ser-se conhecido é outra.

Vamos a "trocos", querem ver?

Raquel Henriques ganha 300 Euros, para aparecer em "eventos sociais".

Cinha Jardim ganha entre 500 a 750 Euros.



"Pimpinha" cobra 1000 Euros (é mais cara que a mãe!)

Subindo a parada, estas três cobram 2000 Euros!!!


Rita Pereira




Sónia Araújo




Merche Romero



Subindo mais ainda:



Jorge Gabriel e Diana Chaves cobram 2500 Euros!! 


Ricardo Pereira leva uns poucos 3000 Euros, para "aparecer"...


Por 3500 Euros, esta menina vai às "festas"...


Soraia Chaves



E, no topo do topo...


Por 25 000 Euros, pode receber numa festa esta beleza, que dispensa apresentações:

E ainda, por 20 000 Euros, este rapaz aparece: Rogério Samora.
Isto, dizia o Correio da Manhã... fora o resto que, por outros interesses, nem sequer são mencionados no jornal!!!

(Publicado originalmente a 9 de Junho de 2007)



Ai... certos homens...

Está uma mulher a beber o seu cafézinho...
Chega um homem que a mulher conhece... ó... de gingeira ... a contar à "malta do café" que passou um feriado óptimo e tal e foi até ali, e acolá com a mulher e os filhos e tal...

Pronto, um homem de família.

Ai, dá mesmo vontade de dizer... "olha lá, não foi aí que me levaste quando tu e eu estávamos a ter um caso?"

(Texto publicado originalmente a 8 de Junho de 2007)

Who knows our lifelines?

One time to know that it's real
One time to know how it feels
That's all
One call - your voice on the phone
One place - a moment alone
That's all

What do you see?
What do you know?
What are the signs?
What do I do?
Just follow your lifelines through
What do you hate? What then?
What do we do? What do you say?
Don't throw your lifelines away
Don't throw your lifelines away

One time - just once in my life
One time- to know it can happen twice
One shot of a clear blue sky
One look - I see no reasons why you can't
One chance to be back
To the point where everything starts
Once chance to keep it together
Things fall apart
Once I make us believe it's true

What do we see?
Where do we go?
What are the signs?
How do we grow?
By letting your lifelines show
What if we do? What up to now?
What do you say?
How do I know?
Don't let your lifeline go
Don't let your lifeline go
Don't let your lifeline go


Lifelines A-Ha



"We are wonderfully imperfect" - Dove Pro Age

A Campanha Pro-Age da Dove

Wendy - 54 anos
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Diana - 54 anos
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Mirenette - 54 anos
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Esta mulher, Mary, foi a escolhida para o grande outdoor da Dove, colocado em Times Square. Uma belíssima avó de 64 anos!!! Nua!

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O anúncio que a Dove não pôde passar na televisão ...

(Publicado a 29 de Maio de 2007)

Há boquinhas que ... melhor caladas!

Foto: Revista Hola de 30 de Maio- 2007
Declarações de Tasha Vasconcelos: "Não pensei em adoptar crianças. Isso deixo para Madonna e Angelina Jolie, por agora".

Tasha Vasconcelos. Sabem quem é?
Ora, como eu leio a Hola há anos, lá vou acompanhando os conhecidos que emprestam a cara, para seu usufruto mais tarde (ficam a achar-se "famosos"); claro que também acompanhei esta rapariga que, dizem, foi um dos engates fáceis do Príncipe Alberto do Mónaco. Como o pai é Português - lá está, Vasconcelos - Tasha, que dizem que é "modelo", foi entrevistada pelo Herman aqui há uns anos.

Bom, mais uma vez, quem é que esta mulher pensa que é para se "auto-comparar" a Angelina Jolie ou a Madonna?
Sei lá, aqui nesta entrevista podia dizer:"adopção, por agora, vou deixar isso para os milhões de casais que o fazem, pelo mundo inteiro". Mas não, ela tinha de usar nomes de pessoas realmente famosas - pelo seu talento, obviamente - para se "auto-comparar".
E lá há comparação ó Tasha?

A inveja é lixada, não é?
O que tu corres atrás do Príncipe Alberto, filha! Sim, o mesmo que foi acusado pela modelo Karen Mulder de a ter violado!
Se isto é verdade ou não, não sei, mas que Karen Mulder acabou por ser "internada" com uma depressão e depois desapareceu de "circulação", lá isso foi.
Porque será? Uma das mulheres mais bonitas e elegantes do mundo da moda! Sou suspeita, porque Karen Mulder sempre foi a minha modelo favorita!

Tasha, filha, vê lá se não te internam com uma depressão também. Por isso, é bom que continues a dar este tipo de entrevistas e a dizer bem (muito bem!) do Príncipe mais mulherengo que por aí há - o do Mónaco.

Já estou como diz o Bruno pela Super Bock:
Vamos pó perfeito? Vamos pó perfeito. Onde é que o perfeito? É aqui. Ó pra ela aqui. Perfeita!!


Queres mais Tasha? Queres?
Ó! Perfeitas!
(Dispensam-se legendas e a consulta de folhetos informativos...)

(Texto publicado originalmente a 29 de Maio de 2007)


Ela acha que merece...

Hoje, de manhã, bem cedo, apanhei uma conversa que me ficou no ouvido.
Um homem ia a falar ao telemóvel, claramente embriagado. Ouvia perfeitamente uma voz feminina do outro lado.
Tentando não utilizar o Português vernáculo utilizado pelo "ébrio cavalheiro", dizia ele, com a voz toda entaramelada:
- Vai prá p... da tua mãe.
Depois a voz dela do outro lado.
E ele, de novo:
- Mama aqui no meu c...
E ela respondia, de novo. Serena a voz dela. O homem seguiu caminho e deixei de ouvir.

Fiquei a pensar com os meus botões (ou com fecho éclair das minhas calças de ganga), o que sente uma pessoa ao ser alvo de tamanha agressividade?
Esta mulher, ao ouvir tanta agressividade, achará que merece ter, na sua vida, um homem assim?
Deve achar. Caso contrário, ... a porta de entrada na nossa vida é a mesma porta de saída.
Se há coisa que merecemos é alguém que nos ame e que nos trate bem.
Alcóolatras... que se tratem! E nada de peninha com este tipo de comportamento, porque cada um tem a opção de se tratar. Isto, se quiser, claro! Se não quiser... lá está a porta de saída! As pessoas que se relacionam com um/uma alcóolatra não merecem, de todo, ser tratadas assim!

(Texto publicado originalmente a 28 de Maio de 2007)

O Príncipe "assassino"

Ai que vida esta!
Agora, diz-se por aí nalguns meios de comunicação social - neste caso escrita, porque li - que o Príncipe Carlos de Inglaterra está a tentar "matar" a mulher, Camilla!!
Isto faz capa de uma revista Portuguesa!!!!!!

Pois parece que Carlos de Inglaterra, perante a doença de Camilla - Duquesa de Cornualha - optou por escolher para tratamento da mulher ... essa coisa criminosa que é ... a HOMEOPATIA!!!!
Credo!!!
Com médicos - QUE NINGUÉM DEVE QUESTIONAR EM ALGUMA CIRCUNSTÂNCIA - a considerar que a Duquesa deve fazer quimioterapia, depois de ter feito uma histerectomia, o Príncipe Carlos tem a LUCIDEZ de percorrer outros caminhos, consultar outras opiniões, em vez de ir pela opção mais à mão e encher a mulher de químicos de alta toxicidade!

Verificar outras opções alguma vez fez mal a alguém?
Qual é a posição actual da Organização Mundial de Saúde perante a Homeopatia, sabem?
Sabem, por exemplo, que a OMS considera a Arte de Desenvolvimento Humano de origem Japonesa chamada "Reiki", uma forma terápica?
Pois é!
Que um Príncipe Europeu de grande relevância tenha sugerido e investigado outros tratamentos para o cancro, que não seja o dito "convencional" parece incomodar muita gente, ao ponto de aparecer em revistas como querendo "matar" a mulher...

Isto envolve "meandros" nos quais nem quero imaginar: o mundo poderoso que existe nos profissionais da área da saúde...
Carlos quer que a mulher seja tratada usando a Homeopatia, que é comparticipada em alguns países europeus. Dizem ter ido buscar um conjunto de Homeopatas Indianos !
O Príncipe quer matar a mulher? Ou, se tudo correr como penso, se Camilla se tratar holisticamente, corpo, mente e espírito, assim que ela sarar completamente, um caso destes coloca - mais uma vez em causa - a medicina convencional como sendo A ÚNICA? Isto mexe com quê? Hum?

Infelizmente, a medicina convencional não tem verdade absoluta. Se a tivesse, hoje em dia, com a evolução da ciência que a medicina convencional pratica, estava toda a gente curada no planeta. Portanto... algo não está bem...

Melhor seria para todos se houvesse união e colaboração no tratamento de cada paciente. Se houvesse nos hospitais ocidentais, tal como há nos hospitais chineses: médicos de Medicina Tradicional Chinesa e médicos convencionais. Depois, em estreita colaboração com o paciente, trata-se dele. Tudo se completa. O paciente escolhe qual o tratamento que quer, de acordo com o que lhe é apresentado.
Enquanto não mudar a mentalidade e deixarmos de encarar a medicina convencional e os fármacos como "os salvadores ÚNICOS" de todos os doentes, não haverá mais pessoas saudáveis, mas sim cada vez mais doentes.

Saúde, Duquesa da Cornualha. Saúde total. O Príncipe Carlos tem razão.
Calma, muita tranquilidade, e lucidez num momento tão decisivo na vida de uma pessoa. Não ter pressa é fundamental. Sim, a mesma pressa que os médicos dizem que é preciso ter para curar um cancro - "quanto mais depressa melhor".
Eu diria, "quanto mais depressa for diagnosticado, melhor". Depois, o tratamento fica à escolha de cada paciente. Nenhum médico é dono nem da nossa cabeça, nem do nosso corpo. Isto digo eu que opto por me tratar com Homeopatia e já assinei um documento, perante uma médica convencional, responsabilizando-me pela minha decisão e escolha. Fui contra a médica. Assinei o documento, sem problemas. O resultado está à vista. Não quero entrar em detalhes, mas posso dizer que tomei a decisão certa. Porque estou curada. Só isso!

Não sou contra a medicina convencional. Sou a favor da cooperação e colaboração de todas as áreas da saúde. Sou a favor da boa formação de profissionais de saúde, de vários campos, de várias vertentes. Sou a favor da abertura, da experiência laboratorial que é a vida. Como passei por um diagnóstico de cancro, sei perfeitamente do que estou a falar.

Não pretendo generalizar. Mas que é preciso ter cada vez mais cuidado com os médicos a quem recorremos, lá isso é!
Pela nossa saúde!

(Texto publicado originalmente a 19 de Maio de 2007)

Boris morreu

Morreu Boris Yelstsin.
Ficou conhecido por ... beber demais, que se notava no rosto demasiado vermelho, e também por cometer falhas diplomáticas.
Morreu, portanto, um homem Russo "politicamente incorrecto".

Mas foi durante a sua presidência que houve menos guerra no mundo ( o que se passou na Rússia durante o mandato de Yeltsin não diz respeito aos outros países).
Como cidadã do mundo, durante o "período Yeltsin", o mundo esteve muito menos conflituoso.
Isto, também, porque, do outro lado da antiga Guerra Fria, estava Bill Clinton - o Infiel, o Mulherengo, o Saxofonista.

Juntos, Yeltsin e Clinton protagonizaram aquilo que muitos chamam "a maior gaffe diplomática de sempre" - durante a visita de Yeltsin aos EUA, em 1995, ambos os Presidentes tiveram um ataque de riso, que os levou às lágrimas.

E assim, vivia o planeta, com mais paz e mais riso.
Mas não. Não pode ser. Políticos têm de ser sérios (devem ser sérios - sinónimo de não rir; e parece que também podem ser sérios - sinónimo de honestos e antónimo de corrupto).
O que aqui interessou mesmo o mundo inteiro é que dois líderes políticos riram à gargalhada, durante um acto oficial.

Oh que tragédia mundial! Dois "Homens Poderosos" a rir, quem sabe com uns copos a mais... quem sabe que comentário gerou aquele riso.

A mim ficou-me uma imagem saudável dos ataques de riso que tenho quando algo me diverte, que também me levam às lágrimas. Pois os políticos não se podem divertir, muito menos em actos oficiais.
E que bem que me souber ver esta imagem. Recordá-la, ser apontada como "mais uma das gaffes de Yeltsin" e eu a rir, agradecida por ter acontecido.

Foto de Rick Wilking (Agência Reuters)

Fez-me lembrar a razão de todos os crimes, em "O Nome da Rosa" de Umberto Eco: o riso.
O assassino: um homem cego, amargo, azedo, que achava que o grande mal estava no riso.

A mesma personagem parece existir em muita gente pelo mundo. Em todos os que não conseguem ver a inocência e a pureza deste riso, a leveza que esta atitude teve. Há muitos cegos, azedos e amargos pelo planeta: os mesmo que continuam a chamar a esta atitude, que ficou - felizmente - gravada em fotografia, uma das maiores gaffes diplomáticas de sempre.


Afinal, o riso tem muito que se lhe diga.
Afinal, Umberto Eco abordou uma questão mais profunda do que parece.

Sempre gostei desta imagem.
Gosto de homens e mulheres que falham, que cometem gaffes, que se enganam.
São humanos.
Morreu Boris Yeltsin e fica a mensagem: riam - faz melhor ao planeta e ao ser humano.

(Texto publicado originalmente a 25 de Abril de 2007)

Os (queriam-pois- queriam-ser) skinheads (da caca!!!)


Isto é inacreditável!!!!
Já ouviram falar do famoso cartaz que um partido radical colocou no Marquês de Pombal, claro! Um partido cujo nome nem me lembro, tal é a sua insignificância!!!

Nesse cartaz, o tal partido demonstra a sua xenofobia, "enviando para casa" os que não são Portugueses - emigrantes, de outros países, que moram cá.
Existe um pseudo-fórum deles, ao qual também não vou fazer publicidade, que é completamente ridículo. É incrível como a intolerância, a xenofobia, a ignorância e o ridículo chegam a este extremo.

Acontece que os Gato Fedorento, às suas próprias custas, mandaram colocar ao lado do outro cartaz, também no Marquês, este outdoor a satirizar a situação (já de si tão absurda).
Querem saber que mais?

Inscrevi-me no tal "Fórum", cujo nome nem sequer vou divulgar, e logo ao início, aparecem as regras para o seu bom funcionamento, que todos os utilizadores devem aceitar. Ora, eis o ponto 1:

"1. Não deve colocar mensagens abusivas, obscenas, insultuosas, ameaçadoras, ou qualquer outro material que possa ferir a susceptibilidade de terceiros ou que possa indiciar a prática de um crime. Não serão tolerados actos ou atitudes que possam colocar em causa o normal e bom funcionamento do mesmo."

Nas mensagens, apanhei esta, recheada de ameaças:

"Creio que terei de fazer um destes dias uma visita à hora de saída do colégio [...] onde um destes burgueses esquerdistas tem os seus filhos a estudar. Nuno NS"

"Acidentes acontecem... e para mais sendo fedorentos... é muito fácil dar com eles. Desperta88"


"Caso eles não tenham moderação no que dizem, poderão vir a ter consequências. Cidadão oculto"

"A minha vontade era vandalizar a tromba a esses quatro anormais... antí25/4"

E que tal? Coerência, heim?
Que bestas estes tipos deste partido radical!!!
Completamente contra o ponto 1 do bom funcionamento deste pseudo-fórum, surgem ameaças em catadupa que, recordo, são ilegais e indiciam a prática de crimes!!!

Agora, pergunto: não há ninguém que ponha estes radicais da caca na prisão, por ameaça a terceiros??? E, já agora, fechar o pseudo-fórum que mete nojo!!!

Ah! Mas esperem lá... vamos reler isto:
"1. Não deve colocar mensagens abusivas, obscenas, insultuosas, ameaçadoras, ou qualquer outro material que possa ferir a susceptibilidade de terceiros ou que possa indiciar a prática de um crime. Não serão tolerados actos ou atitudes que possam colocar em causa o normal e bom funcionamento do mesmo."

Ah, ok ok!!! Não são tolerados actos ou atitudes que possam colocar em causa o normal e bom funcionamento do "mesmo"... ahhhh ... referem-se ao crime. Bolas, custou a perceber!!!
Estes skinheads da tanga bem tentam ser inteligentes. Pá, temos pena. Não dá!!

(Publicado a 10 de Abril de 2007)

the missing tail



Foto de Amora Silvestre

(Foto publicada originalmente a 1 de Abril de 2007)

hoje, adormeci...






... e foi por isso que todo o meu dia foi diferente.
Os locais foram os mesmos, as pessoas... as mesmas, mas tudo foi tão diferente.








sem pressas, sem correrias.
porém, tudo em movimento.
vi solidões sentadas em bancos amarelos
vi como se pode passar debaixo da ponte e não ficar










vi companhia
sem correrias, nem pressas







... em movimento constante, o meu dia, hoje, parou.
Fotografias de Amora Silvestre

(Publicado originalmente a 20 de Março de 2007)

intimidade

Gosto muito de estar com alguém, em silêncio.
O silêncio prova a maior intimidade.
Não é preciso estarmos em conversa constante.
Nas alturas em que não conhecemos bem a outra pessoa, torna-se quase imperativa a necessidade de dizermos algo.
- Está bom o dia, hoje!
- Já estávamos a precisar. Tem chovido tanto!

Para mim, mais vale simplesmente estar, e ficarmos assim, sem uma palavra. Talvez um "bom dia", como desejo expresso de que corra tudo bem, naquelas 24 horas seguintes.
Descobri que o silêncio é uma forma muito agradável de se estar com outra pessoa, em confiança.
Se não estivermos em confiança, a não-palavra torna-se desconfortável.
Daí a incontornável tagarelice, quando o que apetece mesmo é não usar as palavras.
Talvez seja uma questão social: é obrigatório tagarelar.

Estar em silêncio não é sinónimo de antipatia, ou distância, ou de falta de sociabilidade.
Acalento o silêncio, cada vez mais.

[Foto de Amora Silvestre]

(Publicado originalmente a 13 de Março de 2007)

O que é que vocês têm a ver connosco?? Hein?

Sim, afinal, o que é que um país como os Estados Unidos, que existe há cerca de 200 anos, ainda é uma criança;

que fez um completo genocídio ao matar e ao manter ainda hoje, em reservas, os verdadeiros norte-americanos indígenas;

um dos únicos países ditos "civilizados" que assassina os seus presidentes eleitos e alguém sai impune;

que forja resultados de eleições presidenciais (e nenhum outro país faz nada quanto a isso);

que tem uma taxa de analfabetismo brutal;

que resultou historicamente numa viagem dos indigentes vindos das ilhas Britânicas (a quem gentilmente quiseram chamar pioneiros, a bordo do Mayflower);

que é uma mistura rácica, nem sequer tem identidade própria;

que se intromete no que não lhe diz respeito... enfim, o que é que estes gajos têm a dizer sobre Portugal?

O nosso Governo não gostou destes "estudos" norte-americanos e eu também não. Puxa! Finalmente! Quero ver o Governo Português a fazer um comunicado oficial a dizer isso mesmo. Já agora, a Base das Lages é nossa, certo? Tragam-na de volta!

Cuidadinho com a China, o Japão e as Coreias. Só a China é o país mais poderoso do mundo!!!!

[Artigo retirado do Jornal "Metro" de 8 de Março de 2007]
Pena que o artigo seja mesmo pequeno!!!

(Publicado a 11 de Março de 2007)

...perdas...


O que vamos perdendo na vida?
O que faz com que certas perdas sejam tão sentidas e outras não?
Quantas dores de perdas carregamos e não nos apercebemos?
Desde que comecei a interessar-me pelas áreas das ciências humanas, desde o meu primeiro contacto com psicoterapeutas, surgiu sempre esta pergunta: o que é que perdeu? Quem perdeu?

Tantas voltas esta cabeça deu até perceber quem é que tinha perdido: alguém que deixou uma marca de ausência e de dor que estava tão clara para os outros e para mim não.
Foram mais de dez anos até que veio a descoberta, o tal clique que surge inesperadamente. Ah! Entendi! És tu que me fazes falta!

Além desta perda, que era tão evidente para os profissionais de ciências humanas, carregava também o peso da culpa dessa perda. Aceitei, dentro de mim, que a culpa dessa perda era minha.
Disseram-me, de forma subreptícia e subtil. Era eu tão pequena! Tão pequena mesmo, que me pareceu óbvio que um acto meu, um acto de criança que deu em acidente - cuja pequena cicatriz carrego (coisa curiosa, está à vista e ninguém a vê, mas eu sei que está lá...) tenha sido a razão daquela perda. Um acto meu provocou, de forma indirecta, a morte de alguém que eu amava.
Duas dores numa só: a perda e a culpa dessa perda!
E o que acontece, afinal, quando uma dor de perda é tão forte, que os que trabalham diariamente com as emoções humanas vêem, e nós nem temos noção da importância que isso tem, ao longo da nossa vida, nos nossos pensamentos, nos nossos actos, nas nossas emoções? Que consequências traz isso para uma personalidade em formação?

"Bad girl!"
"You are a bad girl"

Até ao momento em que decidimos, de forma consciente, não aceitar a responsabilidade dessa perda e deixamos cair a culpa.
Há tantas coisas que acontecem, de facto, que magoam, e que não são culpa de ninguém! Acontecem, porque sim.
Da mesma maneira, caem as folhas no Outono, põe-se o sol ao entardecer, o mar tem ondas todas diferentes ... esse é o fluxo natural da vida. Da natureza. Quem é culpado disso?

É uma maldade fazer crer a alguém que é a culpada de algo que aconteceu, que doeu e cuja responsabilidade é nula! Principalmente se esse alguém é uma criança, que já sofre a dor da perda, que nada fez para contribuir para essa perda, muito pelo contrário.
Culpá-la por isso é uma crueldade!



(Publicado originalmente a 3 de Março de 2007)

Estive sempre cá para ti!


É das frases mais manipuladoras que tenho ouvido.
- Estive sempre cá para ti!
A mesma pessoa que disse:
- Não percebo porque é que ele me abandonou. Estive sempre lá para ele!

Isto de se estar sempre lá para alguém é completamente subjectivo, individual, emocional. Dito por diferentes pessoas tem significados e contextos também completamente diferentes.
Nestes casos, a sensação que fica é: eu dou, mas tu ficas do (e ao meu) lado! Incondicionalmente.
É como dar e tirar de seguida.
É como criar um objectivo bem eficaz: que o outro reconheça o valor do que se fez. Garantia (quase) certa de que nunca ficaremos sós.
Uma vez dita, esta frase é manipuladora e atrevo-me a dizer... sempre. Tende sempre a cobrar, a fazer com que o outro se sinta mal ao querer ir embora. Faz com que o outro se sinta mal se discorda de uma simples opinião daquela pessoa.
É como: fiz tudo por ti. E agora vais-te embora? E agora pensas de forma diferente de mim?
Afinal, o que é, para cada um de nós, "estar sempre lá para alguém"?
É o que alguém faz? Ou o que nós sentimos com aquele "fazer"?
Uma vez dita, a frase tende a ser uma demonstração de uma espécie de amor sempre presente. E se a outra pessoa nunca sentiu esse amor como sendo presente?

A frase deixa de ser eficaz, em termos de prova de amor, quando é verbalizada.
Porque ali é cobrado tudo o que foi "gasto". E gasto é a palavra certa; gasto, desperdiçado, roto, destruído.
Só uma alma destroçada, dorida sente que alguém deve ficar por perto, porque "sempre esteve lá para ele/ela".
É uma frase que não prende, não nos faz querer estar por perto.

Uma vez ouvida, é caso para ir embora de vez.

(Publicado originalmente a 26 de Fevereiro de 2007)

Que amores!!

Há coisas que ... parece que vêm nos genes. Senão vejam:

a avó - Ingrid Bergman




a mãe - Isabella Rosselini (filha de Ingrid)



e agora a filha de Isabella e neta de Ingrid: Elettra Rosselini Weiderman


Três gerações de belas mulheres, a começar na avó. Pena que Elettra, segundo uma entrevista que li com ela, nunca conheceu a avó e, para ela, Ingrid Bergman é "apenas" uma estrela, uma diva de Hollywood.

As três são belíssimas! Isto é dos genes :o)

(Publicado a 4 de Fevereiro de 2007)

Gatafunhos

Sempre gostei de escrever. À moda antiga.

Pegar no caderno, abri-lo, sentir o cheiro do papel, pegar na caneta ou na esferográfica (raramente no lápis) e preencher aquele espaço branco de letras, pontuações, parágrafos, acentos. Eventualmente, acabo por teclar o texto no computador, mas acreditem, antes de estarem aqui, todos estes textos passaram pela mão, pela caneta, pelo caderno e é lá que permanecem. É que o acto de escrever, pelo meu próprio punho é de um sabor incrível! Claro que há cá em casa cadernos e cadernos com anos de escrita espontânea, sem qualquer intenção de grandiosidade literária. Nunca me deu para a poesia, por exemplo. Acho um exercício de escrita dificilíssimo... não me acho capaz, sequer. Admiro quem escreve poesia.

Não sou muito disciplinada com a letra, confesso. Mas, desde que eu entenda o que escrevi, lá vai andando. Tudo o resto está lá, a pontuação, os acentos, os parágrafos, nada de abreviações (esse costume nem me ficou da faculdade, altura em que era preciso escrever bem rápido).

Já percebi que não se trata de perfeccionismo, nem de um qualquer preciosismo, mas sim do mais puro prazer.

Uma emoção quase diria intra-uterina, pelas histórias que a minha mãe conta; parece que, sendo eu pequena, bébé ainda, se me quisessem sossegar era colocar-me à frente um livro para pintar, um caderno para rabiscar e montes de lápis de cor e esferográficas (alturas em que, pelos vistos, me pintava e gatafunhava a mim própria também - assim se salvavam as paredes lá de casa). E nestas alturas, saíam-me, segundo a minha mãe, verdadeiros tratados de riscos e rabiscos, bolas, traços, desenhos indecifráveis... verdadeiras pérolas literárias para um bébé.
Pois ainda hoje, o simples facto de abrir o caderno à minha frente, folhas imaculadas, e uma esferográfica, tranquiliza-me. Depois, lá vêm os malabarismos da escrita: traços, rabiscos, bolas, enfim, letras. O que me separa hoje daquele bébé que gatafunhava no papel, é que agora dá para perceber os gatafunhos. Uso o código comum da escrita, o alfabeto, uso uma determinada língua, regras de escrita, pontuação.

Mas, palavra que às vezes me apetece largar as regras e, simplesmente, gatafunhar, hieroglifar, riscar, só pelo prazer de encher uma folha branca com coisas minhas.

Amo a escrita e acho que ela me corresponde.

Foto de Amora Silvestre

(Texto publicado originalmente a 11 de Janeiro de 2007)

Feliz 2007!



Querer
Dentro del corazón
Sin pudor, sin razón
Con el fuego de la pasión

Querer
Sin mirar hacia atrás
A traves de los ojos
Siempre y todavia más

Amar
Para poder luchar
Contra el viento y volar
Descubrir la belleza del mar

Querer
Y poder compartir
Nuestra sed de vivir
El regalo que nos da el amor
Es la vida

Querer
Entre cielo y mar
Sin fuerza de gravedad
Sentimiento de libertad

Querer
Sin jamas esperar
Dar solo para dar
Siempre y todavia mas

Amar
Para poder luchar
Contra el viento y volar
Descubir la belleza del mar

Querer
Y poder compartir
Nuestra sed de vivir
El regalo que nos da el amor
Es la vida

Querer
Entre cielo y mar
Sin fuerza de gravedad
Sentimiento de libertad

Querer
Sin jamas esperar
Dar solo para dar
Siempre y todavia más

Amar
Para poder luchar
Contra el viento y volar
Descubir la belleza del mar

Querer
Y poder compartir
Nuestra sed de vivir
El regalo que nos da el amor
Es la vida

Querer
Dentro del corazón
Sin pudor, sin razón
Con el fuego de la pasión
Y volar



Foto de Amora Silvestre
(Publicado originalmente a 31 de Dezembro de 2007)

quarta-feira, outubro 30, 2024

dificuldades de expressão

olhar...


frio...


memórias...


calor...


conforto...


Fotos de Amora Silvestre

(Publicado originalmente a 25 de Dezembro de 2006)

O que te faz feliz no Natal?

(Foto de Amora Silvestre)

Não sei bem...
Este ano, parece um Natal "diferente". Até as luzes estão diferentes.
Se calhar são os meus olhos. Às tantas, as luzes não têm problema nenhum...

O que me faz feliz é mesmo a capacidade da memória:
- o nariz vermelho do frio;
- as mãos e os pés gelados;
- o cheiro da madeira queimada na lareira;
- o chocolate quente que a minha mãe faz (uma tradição que parece que há só lá em casa);
- a neve que era mais alta que eu, quando saía de casa. Bom, na realidade, quase não dava para sair.
- o calor da cozinha, quando chegava da rua, de andar a lançar bolas de neve aos meus amigos.
- as prendas escondidas, que eu - qual Sherlock Holmes - descobria antes de chegarem à árvore de Natal;
- o facto de nunca me terem dito que havia Pai Natal, ou eu não me lembro da "quebra" dessa mentira.

Este Natal está diferente.
Ou então, são os meus cinco sentidos que me enganam... ou o sexto, sei lá.


E a ti, o que te faz feliz, no Natal?

(Texto publicado originalmente a 21 de Dezembro de 2006)

...brincava com os pedacinhos mais ondulantes do cabelo; as pontas, algumas espigadas, picavam-lhe as pontas dos dedos.

recordava passadas algumas horas.

acho que te amo... era a frase que soava em ecos permanentes mesmo dentro da cabeça, de onde os caracóis fluíam em catadupa; de olhos fechados, cabeça inclinada, ouvia o cabelo roçar nos dedos... acho que te amo... acho que te amo...

ainda se lembrava do que veio a seguir, daquele sonoro romper de uma membrana, mesmo no centro do peito, do rasgar dessa cortina, do palpitar, do batuque do coração....

acho que te amo.

uma forte emoção percorreu as estrelas, num zumbido de cem vespas naquela noite; veio uma forte tontura, levada numa ventania como a que perpassa nos frisos da janela do quarto, em dias inverniços;

anos passados sobre este "acho que te amo", o cabelo já não tinha caracóis a tocar nas pontas dos dedos e a memória daquelas estrelas que soavam a vespas, daquela brisa de verão que parecia uma tempestade de inverno, tinham agora, apenas, o som estranho daquela primeira paravra... acho.

Acho.
pois, ela não ouviu ... amo-te.
acho ... fez toda a diferença.

[Foto de Amora Silvestre]

(Texto publicado originalmente a 25 de Junho de 2006)

como descrevo isto?


Tenho sérios problemas em ser descritiva... não sou capaz, agora, de descrever isto.
[Foto de Amora Silvestre]

(Publicado originalmente a 10 de Maio de 2006)

Meu filho!



Uma colega minha de infância casou-se. Já lá vão uns bons anos.
O tempo foi passando e ela não engravidava. Fez tratamentos atrás de tratamentos de fertilidade.
Foi-lhe sugerida a adopção.
A mãe dela opôs-se terminantemente! Nenhuma criança que não fosse biológica herdaria a fortuna da família!!
O tempo continuou a passar. A rapariga não engravidava.
Voltava-se à questão da adopção. A mãe dela mantinha a oposição.
A questão da fortuna da família era muitíssimo importante!

Mas o tempo passava e ela continuava sem engravidar.
Até que, depois de vários anos passados e muitos tratamentos de fertilidade depois, o casal resolveu adoptar uma criança.
Já não era um bébé. Já ia ao ATL. E assim foram vivendo em família.

O que se passou a seguir foi completamente inesperado.
Ela engravidou!

Sem hesitações, a família decidiu "devolver" o filho adoptivo "à procedência".
O que importava, era que a fortuna fosse para o filho biológico!
Então, pai e mãe decidiram fazer a mala da criança adoptada, sem lhe dizer nada, e levá-la ao ATL, como num dia normal.
Avisaram as autoridades competentes na matéria, para irem buscar a criança e simplesmente, despejaram-na no ATL... como num dia normal. Sem uma despedida, sem um adeus, nada!
Pensava eu que só havia bruxas más nas histórias de encantar.
Na vida desta criança parecia haver tantas bruxas...esta criança tinha sido já rejeitada por outros "pais" adoptivos. Voltou a acontecer.
Estranhos amores, realmente!


[Foto de Alberto Ramella]

(Texto publicado originalmente a 16 de Abril de 2006)

o primeiro amor


Tinha 15 anos quando o viu pela primeira vez.
Viu-o na papelaria, a fazer compras para os livros escolares do 10º ano, tal como ela.
Achou-o parecido com um rapaz charmoso que tinha conhecido nesse verão, na praia.
Daí até ao "flash", foram segundos!
Foi como se tivesse levado uma pancada na cabeça.
Descobriu que andavam na mesma escola.
Descobriu que ele era um daqueles rapazes populares, "filho de gente rica", como diziam na cidade.
Isso não era importante para ela.
Era importante que ele estivesse presente, no mesmo canto da escola, todos os intervalos.
Era importante que ela o pudesse simplesmente ver, diariamente.

Até que ele começou a ir beber café perto da casa dela.
Começou a olhá-la pelo vidro, quando ela passava para casa, de mochila às costas.
- Ele gosta de mim! - pensava ela , feliz.
Nos dois anos que se seguiram, ela viveu esta paixão, sempre à distância. Acompanhava os passos dele, conseguiu até uma fotografia dele, num baile escolar qualquer, agarrado a uma outra miúda - diziam que era a namorada dele. Ela sofreu com isso.
Ele teve várias namoradas, ela continuava a sofrer, com aquela estranha sensação de impotência.

Algures, no meio deste percurso, amigos comuns tentaram apresentá-los, para que se conhecessem pessoalmente. Ela fugiu, como o diabo da cruz. Percorreu a escola inteira a correr, o coração a bater descompassadamente (e não era da corrida!).
Nunca chegaram sequer a falar um com o outro.

A escola acabou. Veio a faculdade. A mudança dela para outra cidade.
Anos passaram. A vida seguiu.

Um dia, ela voltou.
Numa festa de aniversário, foi com os amigos dançar.
Ele estava na mesma discoteca. Mais velho, mais gordo, muito menos atraente. De óculos, fato e gravata.
Foi com espanto que deu com ele, ao lado, no balcão do bar, a pedir uma bebida, ao mesmo tempo que ela. E só nesse dia lhe ouviu a voz: aguda, para voz de homem. Aguda e desagradável. Todo ele lhe era desagradável.

Pegou no copo que lhe estenderam e, devagar, ela voltou para a pista.
Sorria, enquanto caminhava.
- Foi este o meu primeiro amor!
Platónico, distante.
Aquele seu primeiro amor, nunca falado, nunca vivido a dois, parecia-lhe agora tão longe, como ela própria estava dos seus 15 anos.

Por isso, ela diz hoje que "o primeiro amor" não importa.
O que conta mesmo vai ser o amor que estiver a agarrar-lhe a mão, quando a vida lhe chegar ao fim.


[Foto de Fusco, Macbradaigh & Conway]

(Texto publicado originalmente a 14 de Abril de 2006)

a dor

Falar da morte parece mórbido. É, porém, um facto que vem agarrado à vida.

A Joaninha tinha sete anos quando a mãe engravidou de novo. Das memórias de infância que tem, lembra-se da mãe com uma barriga maior que o habitual e do ar luminoso que a mãe tinha.
Depois, não sabe bem quando, tudo se esfumou da sua memória.
Aquele bébé morreu. Feto, ainda, com cinco meses, a mãe teve um aborto espontâneo.
O que sabe, hoje, pelas histórias contadas pela mãe, é que aquele ser era uma menina e que estava morta já quando se deu a expulsão, no hospital, com cinco meses de gestação.
Ficou um vazio, um silêncio. Ninguém falava nisso, lá em casa.
À Joaninha faltou-lhe viver aquela dor.
Queria ter chorado, agarrada aos pais; queria ter vivido a dor da perda, na altura própria; queria ter saudado e reconhecido aquela vida irmã.

Em adulta, reconhecendo a perda, deu-lhe um nome. Chamou-lhe Margarida.
Para viver a dor da perda da Margarida, alguém ofereceu a Joaninha, já em fase adulta, uma boneca: "esta é a tua irmã".
Joaninha andou com a boneca, falou com ela, contou-lhe factos da vida, porque Joaninha era a irmã mais velha, podia aconselhar. Fez isto durante mais de um ano.
A dor da perda foi desaparecendo.
A Margarida seguiu o seu caminho.
Joaninha sonhou com ela, um dia. Com um rosto cheio de traços de família, sereno e sorridente, Margarida disse à irmã, no sonho, que não era precisa aquela dor; que ela estava bem; que a amava.
Joaninha acordou nesse dia com uma saudade extrema; chegara a hora da despedida pacífica, de deixar ir quem muito amava.
Chorou a perda, finalmente, sozinha, como achou que deveria ter chorado em conjunto com o pai e a mãe, na altura própria. Fez o seu próprio luto.
Hoje, quando vê uma família que perde um filho e vive essa perda com dor, no momento certo, fazendo da memória daquele ser uma parte saudável do núcleo familiar, sente que tudo está bem, ali.
A dor é para ser vivida, não por masoquismo, mas porque realmente dói muito perder alguém que se ama.
Descobriu, ao longo da vida, que muita gente já lhe tinha dito "parece que tu perdeste alguém na tua vida". Porém, nessa altura, ainda não tinha tomado consciência desta perda e dizia "eu não perdi ninguém".
Agora, homenageia a irmã, dizendo sempre que não é filha única. Teve uma irmã chamada Margarida, que morreu e que está em paz.
Agora, não sofre depressivamente essa perda; não chora o facto de, a ser ainda viva, Margarida teria muito provavelmente uma família, uma carreira, os seus amigos.
Descobriu também , nas palavras de Henry Scott Holland, exactamente o que a Margarida lhe queria dizer naquele sonho:

"A morte nada é.
Eu apenas estou do outro lado.
Eu sou eu, tu és tu.
Aquilo que éramos um para o outro
Continuamos a ser.
Chama-me como sempre me chamaste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom da tua voz,
Nem faças um ar solene ou triste.
Continua a rir daquilo que juntos nos fazia rir.
Brinca, sorri e pensa em mim,
Reza por mim.
Que o meu nome seja pronunciado em casa
Como sempre foi,
Sem qualquer ênfase,
Sem qualquer sombra.
A vida significa o que sempre significou.
Ela é aquilo que sempre foi.
O "fio" não foi cortado.
Porque é que eu, estando longe do teu olhar,
Estaria longe do teu pensamento?
Espero-te, não estou muito longe,
somente do outro lado do caminho.
Como vês, tudo está bem."

Joaninha.
Margarida
Unidas pelo amor.
Joaninha vive a vida em pleno, pensando, saudando, e homenageando, com alegria, esta dádiva chamada Margarida - a minha irmã.

(Texto publicado originalmente a 9 de Abril de 2006)